Autor Tópico: O que é ser tradicional??  (Lida 33503 vezes)

Himura IOGKF

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #30 Online: Janeiro 19, 2016, 09:47:05 »

Pra mim, ser tradicional, é treinar nos moldes em que se treinava em Okinawa.
O problema disso é que quase ninguém consegue treinar assim.
A maioria acaba abandonando o Dojo ou procurando um karate mais esportivo.
Treinar nos moldes de okinawa.... hmm.. como assim?

Junbi Undo, hojo undo, KKK ( kata/bunkai, Kihon= Kumite), kote kitai e por ai vai.

Lá no Dojo, quando as pessoas vão visitar, a primeira coisa que perguntam é:
Que monte de apetrechos são esses?
Ai tenho que explicar todo o Hojo undo, e apos a primeira aula poucos voltam.
Sinceramente (minha opinião, respeito todas), aquele lance de ficar dando pulinho e gritinho pra ganhar ponto é o que a maioria das pessoas espera ao entrar em um dojo, e é (como disse minha opinião) o oposto dos princípios do Karate tradicional.
Minha esposa as vezes me fala "sua mão ta tao feia" ae respondo : Se quisesse treinar pra ficar bonitinho fazia Zumba xD.
Mas isso rende muito pano pra manga e muita historia.
Procurem sobre uma treta que teve entre Choki Motobu e Funakoshi, é um bom exemplo sobre essa discussão.

Obrigado

Offline GEM

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #31 Online: Janeiro 19, 2016, 11:28:28 »
OSS!
Como muitos disseram não depende só da federação, embora é praticamente impossível achar uma Dojo que treine Karatê "tradicional" na FPK. No que eu treinava, mesmo treinando técnicas com pretensa efetividade, kihon e kata, existem muitas coisas que feriam princípios básicos do Karatê, como: treinar golpes sem precisar cair em base, pé de apoio que gira para chegar mais longe no chute, tronco que gira o máximo possível e etc. Não era um Dojo voltado para competições, talvez por isso ninguém treinava kumite. Os faixas pretas realmente não sabiam nada de luta. O que realmente era bom lá era o kata, isso realmente tenho que tirar o chapéu.
OSS!

Faixas pretas que não sabiam nada de luta??!!!
Sinto muito então não eram faixas preta, pelo menos não de fato.

OSS.

Karate Wado Ryu

Offline Cabadapest

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #32 Online: Janeiro 19, 2016, 12:56:38 »
"é praticamente impossível achar uma Dojo que treine Karatê "tradicional" na FPK."

Platão
Acho que estão filiados à FPK uma quantidade de associações muito grande, incluindo capital e interior, Shotokan e de outros estilos. Eu me recuso a acreditar que "NENHUM" valorize aspectos tradicionais do Karate.
Até mesmo porque vc mesmo afirma que treinavam com "pretensa efetividade kihon e kata", e  não era voltado para competições, isto não é de se esperar de um Dojo tradicional? Embora eu ache gravíssimo não praticar kumite. Ser bom de luta não é para todo mundo, mas não praticar é inadimissível.
Agora Karate ruim não é difícil de achar mesmo, mas daí acho que tem mais a ver com quem o representa do que com federação.

Osu!
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Offline J.Lezon

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uem ensina
« Resposta #33 Online: Janeiro 21, 2016, 09:51:23 »
Caros amigos,

As federações não ensinam Karate a ninguém, sejam elas quais forem. Elas apenas só chamam a si os interesses financeiros e não só...

As associações de estilo que possuem centros de prática (Dojos), são quem divulga e ensina o Karate. O utente é que deve inteirar-se de quem lhe pode prestar os bons ensinamentos da arte. Sabemos que há associações e /ou Dojos mais vocacionados para a competição, bem como outros que não querem saber dessa via.

A partir daí, o utente deve pesquisar e escolher o que pretende. A escolha é sua e, por isso, deve esquecer o outro lado da questão...Sobre tudo o que envolve o Karate,  haveria muito que dizer, uma vez que no Brasil, as coisas ainda estão como há 45/50 anos atrás...

Tenho dito.

Abraços. Hai!  Oss!
Lezon   
Technical Director of  Karate-do Wado Portugal Association, and Generel Manager JKF Wado-Kai of Portugal
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Offline Cabadapest

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Re:uem ensina
« Resposta #34 Online: Janeiro 21, 2016, 11:57:11 »

"haveria muito que dizer, uma vez que no Brasil, as coisas ainda estão como há 45/50 anos atrás..."


Saudações Sensei Lezon,

Peço permissão para discordar do seu comentário (a menos que esteja se referindo especificamente à política das organizações do Karate do Brasil).
No Brasil, temos muita gente competente, no Karate esportivo temos atletas rankeados pela WKF, inclusive um bi-campeão mundial, no MMA o Lyoto Machida foi o maior representante do Karate, em outras organizações os atletas brasileiros também não deixam a desejar, nem para grandes potências, nem para Portugual. Não vou citar aqui os tantos mestres que trouxeram o Karate diretamente do Japão e dos muitos anônimos que se dedicam em aprender e ensinar Karate, apartir de estudos acadêmicos e Gashuku com gente de renome.

OSU!
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Offline J.Lezon

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #35 Online: Janeiro 21, 2016, 12:45:31 »
Caro Cabadapest,

É isso mesmo, estava-me referindo à política e organização do Karate no Brasil, nada mais do que isso.  Quanto ao resto, concordo 100% com o que disse.

É de lamentar que num país imenso como é o Brasil, se houvesse uma boa organização, com certeza de que emergiam muitos mais valores no Karate, isto no que diz respeito à competição, como é óbvio.

Mas como isso não existe, por aí proliferam os tais "picaretas" como vocês lhe chamam, etc, etc..

Aqui tudo isso desapareceu porque ninguém pode dar aulas, seja lá do que for, se não estiver devidamente credenciado, e o seu valor técnico não for devidamente reconhecido. Saiba que no Karate, não adianta ser-se 3º.,5º. ou 7º.Dan, tem que tirar um curso de treinador onde existem quatro níveis, denominados por graus, o grau I, II, III e IV.

Será que quer saber mais sobre esta questão?

Lezon
« Última modificação: Janeiro 21, 2016, 12:47:18 por J.Lezon »
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Offline Cabadapest

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #36 Online: Janeiro 21, 2016, 13:39:11 »
Sensei Lezon,
Como eu havia entendido. Infelizmente me resta concordar contigo sobre a desorganização, não somente do Karate, mas da política esportiva em geral.
No Brasil, temos o Conselho Federal de Educação Física, mas não é atuante e mesmo nos estados onde é bem representado, tem dificuldades porque sofre pressão das entidades que se beneficiam em quantidade de membros pagadores de taxas quando incluem leigos para ensinar esportes. Digo isto porque no âmbito esportivo, é regulamentado que apenas profissionais podem atuar.
Sob o pretexto de ser "Arte", esportes de combate não está incluído no rol. No entanto, eu discordo plenamente, se tem competições é ESPORTE. Agora se pratica Karate-do como prática cultural, assim como fazem no Aikido, ,isto sim é ARTE MARCIAL. O resto fica falando que é TRADICIONAL, mas quando se abre o site deles, está lá um calendário de competições, regulamentos de competições, vídeos de competições, propaganda de competições, etc. Sobre este negócio de "técnico" com competência reconhecida por federação, não concordo também. O papel dessas entidades é administrar o esporte, a formação do profissional é papel da Universidade. A menos que se tenha uma parceria.
Regulamentação sem mecanismos de fiscalização só serve para criar bandidos. Este é o problema brasileiro, onde qualquer um se auto-proclama MESTRE EM ARTES MARCIAIS e saem estragando a vida das pessoas.

OSU!
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Offline J.Lezon

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #37 Online: Janeiro 21, 2016, 18:22:18 »
Caríssimo Cabadapest,

Eu falei na organização, ou melhor dizendo, desorganização como muito bem diz, de todo o desporto no geral. Eu falei intencionalmente, a fim de vos explicar a grande diferença existente na Europa em relação a isso.

Na Europa, há uma lei que é obrigatória para todos os países que dela fazem parte. Então, para informação, qualquer modalidade desportiva, seja competitiva ou não, tem que ser ministrada por pessoas possuidoras de títulos profissionais. Para obter estes títulos, há cursos a fazer, cursos esses bastantes exigentes e com muitas horas a cumprir.

Como disse antes, qualquer modalidade desportiva tem de cumprir com o que está determinado por lei. Seja federação de andebol, de ténis, de hóquei, ginástica, atletismo, etc, etc, ninguém pode dar aulas sem ter o tal título.

Como eu já disse antes, no karate existem quatro graus. Quem tiver o grau I, só pode dar aulas tendo um grau II a dar-lhe o apoio técnico. Só para que o meu amigo perceba bem a situação da dificuldade existente na obtenção do título, para obter o Grau III que é o meu, foram somente 1.283 horas que tive de fazer no curso. O meu Grau permite-me ministrar aulas em toda a comunidade europeia.

Saiba também que ninguém pode abrir um Dojo se não tiver o tal título. Para ter acesso aos cursos, têm que ter as habilitações literárias mínimas exigidas, ou seja o 12º.ano.

As graduações de Karate não contam para nada, só pde dar aulas quem estiver documentado como respectivo título profissional. Saiba também que o título tem uma validade, finda a qual tem de ser revalidado e, para isso, a pessoas tem de fazer formação contínua, para conseguir 10 créditos, caso contrário não pode obter a revalidação.

Portanto, os Karatecas que almejam mais tarde dar aulas, começam cedo a fazer os respectivos cursos para não virem a ter problemas.

Como vê caro amigo Cabadapest, aqui já não é fácil e por isso eu falei nos 45/50 de atraso.

Hai!

Lezon 

   
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Offline Cabadapest

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #38 Online: Janeiro 21, 2016, 18:58:20 »
Caríssimo Cabadapest,

Eu falei na organização, ou melhor dizendo, desorganização como muito bem diz, de todo o desporto no geral. Eu falei intencionalmente, a fim de vos explicar a grande diferença existente na Europa em relação a isso.

Na Europa, há uma lei que é obrigatória para todos os países que dela fazem parte. Então, para informação, qualquer modalidade desportiva, seja competitiva ou não, tem que ser ministrada por pessoas possuidoras de títulos profissionais. Para obter estes títulos, há cursos a fazer, cursos esses bastantes exigentes e com muitas horas a cumprir.

Como disse antes, qualquer modalidade desportiva tem de cumprir com o que está determinado por lei. Seja federação de andebol, de ténis, de hóquei, ginástica, atletismo, etc, etc, ninguém pode dar aulas sem ter o tal título.

Como eu já disse antes, no karate existem quatro graus. Quem tiver o grau I, só pode dar aulas tendo um grau II a dar-lhe o apoio técnico. Só para que o meu amigo perceba bem a situação da dificuldade existente na obtenção do título, para obter o Grau III que é o meu, foram somente 1.283 horas que tive de fazer no curso. O meu Grau permite-me ministrar aulas em toda a comunidade europeia.

Saiba também que ninguém pode abrir um Dojo se não tiver o tal título. Para ter acesso aos cursos, têm que ter as habilitações literárias mínimas exigidas, ou seja o 12º.ano.

As graduações de Karate não contam para nada, só pde dar aulas quem estiver documentado como respectivo título profissional. Saiba também que o título tem uma validade, finda a qual tem de ser revalidado e, para isso, a pessoas tem de fazer formação contínua, para conseguir 10 créditos, caso contrário não pode obter a revalidação.

Portanto, os Karatecas que almejam mais tarde dar aulas, começam cedo a fazer os respectivos cursos para não virem a ter problemas.

Como vê caro amigo Cabadapest, aqui já não é fácil e por isso eu falei nos 45/50 de atraso.

Hai!

Lezon 

 

Muito interessante Sensei,
Se possível, o senhor poderia compartilhar algum documento que explique isto? Também sou formador de professores de Educação Física e técnico de Handebol, gostaria de debater estas leis com acadêmicos.

Osu!
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Offline PSekiMG

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  • Não existe atitude ofensiva no Karate ― Shoto.
Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #39 Online: Janeiro 21, 2016, 22:17:01 »
Osu,

Data venia, o legado estritamente marcial não se concentra apenas em educadores físicos. Sorte alguém receber instruções de autodefesa, por exemplo, através de instrutor habilitado em educação física, porém detentor de conhecimento tradicionalmente originário da arte praticada. Entretanto, supondo que artes marciais somente pudessem ser transmitidas por educadores físicos (observando apenas o âmbito marcial), necessitar-se-ia num Dojo ao menos um pedagogo (para melhor escolher a metodologia de ensino), um historiador (para explicar a história com maior propriedade), um administrador (para gerenciar a papelada da academia), um filósofo (para transmitir mais precisamente os ensinamentos intelectuais)...

... neste sentido, apenas para registrar, muitos instrutores de artes marciais, mesmo os antepassados, não possuíam reconhecimento acadêmico sobre atividades físicas. Apesar disto, mantiveram trajetória impecável sobre o método de transmissão de conhecimentos físicos, intelectuais, históricos etc.

O próprio Superior Tribunal de Justiça do pais já decidiu contrariamente ao CONFEF acerca da necessidade de diplomação ao ensino de artes marciais, dança, Yoga etc.

Ainda neste quesito unicamente marcial, o processo de imigração no Brasil certamente contribuiu para a descentralização das artes marciais. Inclusive, já que possuímos um luso membro no fórum, a quantidade imigratória japonesa pós guerra no Brasil foi absurdamente maior do que, por exemplo, em Portugal, cuja dimensão, quiçá, facilitou a centralização normativa acerca das atividades físicas das artes marciais. Entretanto, o CONFEF dispõe de regulamentação no âmbito esportivo desde de 98, enquanto a legislação portuguesa somente se pronunciou ano depois, levando mais nove até a saída do mencionado decreto (que trata, por exemplo, dos graus de instrutores). Nada contra, mas se há problemas graves sobre a instrução de artes marciais no Brasil, certamente independente de comando legal - é questão de interesse político mesmo. É certo que a banda esteja tocando a música com alguns acordes desafinados há 30/40 anos. Por sorte ou azar, o país é eclético.

Sobre o Caratê Esporte, é vergonhoso haver educadores físicos, pedagogos, médicos, fisioterapeutas, administradores enfurnados em confederações somente para, como se diz cá, "mamar". Inclusive, há inúmeros instrutores que sequer possuem o curso básico (e isto não significa menosprezo, pois se trata de mera constatação) posicionados como dirigentes de federações tão somente por questões políticas (pessoas geralmente reconhecidas e que possuem acesso aos órgãos do governo relacionados ao desporto). Poderia escrever o tópico inteiros sobre isso, mas é de conhecimento notório quais confederações deturpam a arte marcial para resguardarem seus agentes de arrecadação alienando pessoas sem o menor conhecimento.

Caso não seja conhecido pelos colegas do fórum, a lei brasileira dá margem à criação de entidades representativas de modalidades "a", "b", "c" etc. Tendo dinheiro, qualquer um que cumpra os requisitos mínimos para abertura de uma federação poderá criar o que bem entender e chamar algo alheio e desconhecido de "seu". Basta observarem o "Shobu Ryu" < http://federacaoshoburyu.xpg.uol.com.br/main.htm >, uma espécie de Neo-Karate-Bresileiro.

Compreendo a posição dos colegas, mas não há como generalizar.

Aliás, não é caso recente, mas muitos no fórum procuram legitimar seus conhecimentos por base em federações, quando, em verdade, federações não possuem prerrogativas para nada.

Abaixo, como se eu não já tivesse me estendido muito, segue o que compreendo. O texto se encontra na página da Butoku-Kan de Taketo Okuda Sensei.

Citar
Um diploma de karatê é um documento que atesta sua graduação, ou seja, sua faixa. Sua utilidade prática é ínfima, a menos que se tenha como objetivo participar de campeonatos ou abrir uma academia.

Normalmente, associa-se a credibilidade de um diploma de karatê ao fato dele estar ou não vinculado a alguma federação. Esta relação está completamente equivocada. Como na maioria dos ensinamentos orientais baseados na relação mestre-discípulo, também no karatê, o que garante a legitimidade de um mestre é a sua linhagem, ou seja, quem foi seu mestre, quem foi o mestre do seu mestre e assim por diante. Portanto, dentro do verdadeiro espírito do karatê, o que realmente importa num diploma é a assinatura de um mestre legítimo e não o carimbo de uma federação.

Aqui na Butoku-kan não estamos ligados a nenhuma federação. E por que deveríamos? O Sensei é muito mais que um professor, ele representa a terceira geração de mestres de karatê, a contar de sua origem. Gichin Funakoshi foi o fundador do atual karatê-dô, ele formou Masatoshi Nakayama e conferiu a ele o direito e o dever de continuar passando este conhecimento. Nakayama, por sua vez, ensinou Taketo Okuda – o nosso Sensei – que depois de ensinar karatê em universidades japonesas, foi enviado ao Brasil para difundir esta arte. Por isso nosso diploma é respeitado e reconhecido no Japão e em muitos outros países do mundo (e no Brasil, por aqueles que conhecem as raízes do karatê), apenas por conter a assinatura do Sensei.

Mas isso não é o mais importante; o verdadeiro significado do nosso diploma vai além de uma utilidade social. Ele é apenas um símbolo material da ligação que existe entre nós e o Sensei. Este vínculo não está no papel, está em nossos corações.

 Uma vez compreendido isto, percebemos a responsabilidade que devemos ter para com o Sensei. Se ele dedica sua vida e não poupa energia para crescer e nos ensinar, da mesma maneira, devemos nos empenhar com todo espírito para alcançar o grau que nos é exigido. Por isso, sempre que somos convidados para fazer exame, temos a obrigação de nos expor e mostrar até que ponto nós desenvolvemos. Ainda que não nos sintamos capazes, temos que nos superar, para corresponder ao que o Sensei espera de nós.

Essencialmente nosso diploma, como qualquer outro, não passa de um pedaço de papel. Mas, para quem treina com espírito e com o coração, este simples papel tem um valor incalculável.

Certamente, apenas para finalizar o raciocínio, é salutar discernir a capacidade entre um instrutor e outro. Se há dúvida sobre o que se está aprendendo, busque outro lugar para dirimir qualquer dúvida. Engana-se a si mesmo quem quer.

Osu.

P.s. Apresento logo abaixo alguns documentos que foram citados anteriormente, caso seja de importância para mais alguém.

1. http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19085886/recurso-especial-resp-1012692-rs-2007-0294222-7/inteiro-teor-19085887

2. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9696.htm

3. http://www.idesporto.pt/conteudo.aspx?id=94&idMenu=53

4. http://www.idesporto.pt/ficheiros/file/PNFT/Decreto-Lei%20n%20%EF%BF%BD%20248-A-2008%20de%2031%20de%20Dezembro.pdf

5. http://www.idesporto.pt/ficheiros/file/PNFT/Despacho%20n%20%EF%BF%BD%205061-2010%20de%2022%20de%20Mar%EF%BF%BDo.pdf
« Última modificação: Janeiro 21, 2016, 22:46:20 por PSekiMG »
A força física sem respeito nada mais é que força bruta, e para os seres humanos não tem nenhum valor ― Shoto.

Offline amapuamubenga

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Re:O que é ser tradicional??
« Resposta #40 Online: Junho 05, 2016, 17:49:57 »
Karatê tradicional é o seguinte: 1º aplicar dojô-ku e niju-kun onde formos. 2º treinar em makiwara. 3º treinar o corpo para suportar pancadas. 4º flexições de punhos serrados. 5º Kata, kihon, bunkai, e kumitê. 6º defesa pessoal.