Osu.
Joanir,
Infelizmente, o Shotokan é um estilo extremamente dividido, a começar pela forma como é compreendido: esporte X realidade. Depois disso, a confusão só cresce, pois existem lugares que treinam o esporte, mas também buscam explicar as funções reais de autodefesa. Noutros lugares, embora se auto afirmem "legatários do Budo", infelizmente é possÃvel perceber a completa decadência, motivo pelo qual não se pode provar a eficácia técnica.
Percebo que na sua primeira questão, você replicou um argumento voltado ao Shiai Kumite e suas restrições. Sim, neste tocante, o Shotokan não pode ser efetivo como autodefesa, pois suas bases disciplinares pressupõe que o artista marcial não irá provocar situações para que demonstre suas habilidades. Dito isto, competições não são parâmetros para eficiência plena da arte marcial. Mesmo o melhor lutador da face da Terra busca evitar a mira de uma .40, motivo pelo qual age primeiramente com cautela, evitando riscos, para que não seja necessário usar seus conhecimentos marciais.
Sim, se você sempre treina "chutando o vento", jamais compreenderá o que é chutar uma costela ou uma têmpora. É preciso compreender, além do impacto, a correta posição das "armas naturais" para que se choquem contra o alvo corretamente e com a maior eficiência. Por exemplo: num Kihon Ippon, a regra é "arrancar a cabeça"! Isto para que os praticantes não se enganem! Ora, saber se defender REALMENTE requer que alguém ataque REALMENTE! as duplas devem ser honestas (supondo que ambos sejam Yudansha). Se um golpe escapa, culpa da defesa - e quem está defendendo não pode ficar com "raivinha", pois aquilo foi para ele aprender a lidar com um golpe real. Mas o que mais podemos observar são lugares treinando sem essa intenção! "Socar para marcar ponto" e "se defender dando tapinha na mão".
Outra questão importante é que, supondo uma agressão de um contra um, não se dá para querer que o golpe venha formatadinho como num treino, para que a defesa seja feita toda certinha. Isso é uma utopia! Ao certo, quanto mais se pratica, mais se deve deixar de usar a forma. A estética da coisa atrapalha com o tempo. É preciso sempre treinar a forma, lógico, mas se alguém pensa que a executará perfeitamente numa situação de um para um (conforme exemplo), está enganado.
E suma: não dá para generalizar!
Osu.