Tópico: Karatê esportivo (Enquete)

[Lezon]

Amigos,

Para este tópico, penso que esta vai ser a minha última intervenção, já que praticamente tudo foi dito. No entanto, depois de uma análise mais atenta, acho que devo dizer ainda mais alguma coisa. Porém, quero antes assegurar-vos que o faço sem quaisquer ressentimentos com ninguém, e também não quero que os tenham em relação à minha pessoa.

Eu sou alguém que adoro dialogar,  que gosto de fazer amigos e disponivel para compartilhar o que sei e o que não sei, com o intuito de ajudar e ser ajudado, ensinar e ser ensinado, esta é a minha forma de estar na vida e no Karate. Pois bem, então lá vai. 

O Karaté nasceu para nos preparar para uma eventual luta de igual para igual, de mãos vazias, ou seja,  sem armas. É uma arte de há centenas de anos tem vindo a ser constantemente desenvolvida. Da mesma forma que houve necessidade de pegar em ferramentas de trabalho do campo para treinar o manuseamento de armas, e nos dias de hoje temos à nossa disposição diversos avanços tecnológicos e conjecturas sociais que nos possibilitam treinar e desenvolver com mais conhecimento o estudo do karaté noutros contornos, alguns dos quais eram inimaginaveis há 50 anos atrás.

A meu ver, a competição é uma dessas formas. Desde o inicio da civilização que andamos a arrastar heranças às quais nos é impossível escapar, genéticas e culturais. Elas estão aí e como o ADN, condicionam o sujeito e modelam as suas preferências pessoais. E daqui a 50 ou mais anos outros estarão aqui a dizer o memso.

Nos dias de hoje considero que fechar os olhos à competição, ou virar-lhe pura e simplesmente as costas, negando as suas virtudes e os seus benefícios, é uma pura teimosia e, na minha modesta opinião, demonstra uma postura retrógrada que se deve lamentar. Já pensaram na situação inversa do enquete em que o Karate tradicional fosse também posto em causa? Afinal qual é o problema problema?
Será que o medo de se ser ultrapassado faz com que nos fechemos numa redoma?

Meus caros, a competição em karaté é uma realidade á qual não podemos fugir. Ela está de tal forma difundida que ignorá-la torna-se impossível. Quanto melhor se souber integrar o “desportivo� e no "tradicional", maior rendimento terá o praticante desta arte maravilhosa.

Não se pode e nem deve obrigar ninguém a competir mas, criticar só porque sim e fechar as portas a essa experiência, negando que daí possa advir alguma experiência é pura hipocrisia.

Ninguém tem dúvidas que o Karate Tradicional é a base do Karate que temos hoje, só que ele  é agora muito mais eclético e de massas, pois é praticado por milhões de pessoas e em todo o mundo! 

Não pensem que eu sou um defensor acérrimo do Karate esportivo, longe disso, meus amigos. Em alguns aspectos, a evolução que constantemente vai surgindo no Karate esportivo, vejo-a sem qualquer razão de ser, na minha modesta opinião, como não pode deixar de ser...Mas a verdade é que estou triste porque estou vendo que ela vai acabar por descaraterizar o Karate, especialmente na sua essência.

Estou unicamente dando a minha opinião e não a criticar ninguém. É uma apreciação que faço e do que vou vislumbrando no futuro ao chamado Karate desportivo/olimpico, muito embora eu já tivesse formado vários campeões e não veja tudo de mau dentro dele, pois reconheço também tem MUITAS COISAS BOAS, mas eu sou  sem quaisquer dúvidas um apaixonado e defensor do tradicional. Mas atenção, sei conviver na maior com o esportivo.

Saudações a todos! Hai!!! Oss!!!
Lezon

[Antonio Pêcego]

Prezados,

O que é o verdadeiro Karate ? Certamente teremos dificuldade para responder com precisão em face da sua natural evolução desde os primórdios dos tempos.

Se vc realmente incorpora o karate como filosofia de vida, vc o pratica por toda a sua vida na busca do controle da mente sobre o corpo. Aos 49 anos de vida e iniciado no karate aos 12, ainda hoje treino regularmente com prazer de três a quatro vezes por semana, quando não dou no início do primeiro semestre e/ou no do segundo semestre, com objetivos determinados, umas arrancadas de dois a três meses de treinos diários, exceto aos domingos, simplesmente porque me dá prazer conquistar a superação própria dos meus limites, sempre respeitando-os.

Se vc só pensa o karate como competição, alcançado o objetivo traçado, a tendência é de se parar no tempo e no espaço, acabando a motivação.

Se vc só pensa o karate como meio uma graduação desejada, alcançada, vc tende a parar no tempo e no espaço por falta de motivação para continuar.

Se vc só pensa o karate como meio de autodefesa, por mais que queira, chega um momento de sua vida, depois de talvez longos anos, que vc cansa e não vê mais sentido em continuar, vale dizer, tende a parar no tempo e no espaço.

Se vc só pensa o karate como meio de ser um "fodão" na porrada, tenho meus profundos sentimentos pelo seu espírito pobre, e também, chega um momento de sua vida que vc tende a parar no tempo e no espaço, diante do profundo vazio interior.

Em síntese, pratique o karate como um todo, fazendo dele um modo de vida, uma busca incansável pela perfeição e superação pessoal, que ele será eterno, enquanto for a sua existência, nada obstando que durante esse tempo vc o pratique esportivamente ou não.

Oss !!!

Antonio Pêcego - Araguari/MG

[Neto110]

Lezon, deixa eu considerar uns pontos seus:

Nos dias de hoje considero que fechar os olhos à competição, ou virar-lhe pura e simplesmente as costas, negando as suas virtudes e os seus benefícios, é uma pura teimosia e, na minha modesta opinião, demonstra uma postura retrógrada que se deve lamentar. Já pensaram na situação inversa do enquete em que o Karate tradicional fosse também posto em causa? Afinal qual é o problema problema?
Será que o medo de se ser ultrapassado faz com que nos fechemos numa redoma?

A competição, em si é um aspecto muito danoso para a formação do ser humano e os filósofos de nossa era estão questionando a real necessidade desta situação senaõ para favorecer um status de dominação das massas por uns poucos, uma vez que ela com certeza naõ ajuda o ser humano a atingir sua plenitude como ser.

Vou postar um artigo meu contra a competitividade de um modo geral para os colegas verem que naõ é opinião, são princípios. Princípios que podemos negar e aí a conversa se inverte e o espírito de retrocesso muda de lado.

O grupo que caminhou para o lado da esportivização do karate enfrentou todos estes medos e está aí (você está aqui, mostrando seus argumentos) mas infelizmente para o debate, está se esquecendo que nós não mudamos nada: meu karate é o mesmo que aprendi: ele muda, sim, mas muda no entendimento e no domínio das técnicas.

Lutamos? Sim Mas repudiamos estas "firulas" que muits de nós chamamos deturpação, principalmente porque não tem embasamento técnico científico nenhum, são só opinião de alguns treinadores desportivos que nem são expressivos como karatekas nem expressivos no meio científico como treinadores.

Sendo mais direto: os que defendem o karate desportivo é que devem justificar sua opção, porque eles mudaram.

O que ouvi de explicações: "tudo evolui", "O karate de antigamente não serve para os dias de hoje" e "saltitar esconde os golpes"...e convenhamos, isto é argumento? Eles naõ falam que perderam autoridades da arte para organizações outras,que perderam treinadores renomados com esta postura e vendem este discurso fraco para esconder são as intenções de promoção pessoal e política de alguns, não falam, ainda, que eles ameaçaram os que tinham coragem de expressar suas opiniões contrárias, numa atitude muito antidemocrática, para dizer o mínimo.

O karate que praticamos também evolui.

O karate "de antigamente" serve sim para os dias de hoje.

Saltitar sempre em combates é um equívoco simplista de uma estratégia que pode ser usada num momento numa competição.

Ninguém questiona o karate que praticamos, ele é a raiz, o "esportivo" e que é a muda enxertada e, pelo menos no Brasil, ele vai bem mal.

[Pedro]

Olá!
Caro Augusto,
seu post é claro,inteligente e, deu-me gosto de ler.
Obrigado por isso,seu Karate,tenho certeza,é um bom Karate.
Oss!
Pedro

[Lezon]

Há 37 anos que me iniciei no Karate e, após estes anos todos, ainda tenho muito que aprender...

Todavia, também tenho consciência do que sei, mas não pretendo fazer nem comparações, nem avaliações. Sofri muito na aprendizagem da arte marcial, como sofri também na aprendizagem da via esportiva. Como tal, fiquei muito mais enriquecido nos meus conhecimentos para poder deitar fora o que não presta e guardar o que é realmente bom. 

Estou perfeitamente à vontade para dizer aqui ou em qualquer outro lugar que tanto na via esportiva como no Marcial, há muito de bom e muito de mau!

Hai!! Oss!!
Lezon

[Neto110]

Pedro, obrigado, le está o melhor possível que as dores do joelho permitem, ams eu treino assim mesmo.

Eu naõ me perdoo de naõ ter ido no evento em Ribeirão Preto para conhecer você pessoalmente.

Lezon, você é muito aguerrido. Coitados de seus adversários. Está sendo muito agradável aprender com sua argumentação.

[Lezon]

Caro Augusto,

Eu sou apenas mais um no meio de uns milhões que pratico e adoro o Karate e não perco tempo em pensar ser melhor que os outros. Sou somente eu, lutando com o inimigo que tenho dentro de mim e que, felizmente, o tenho vencido em algumas lutas...

Se o tempo pudesse voltar para trás, garanto-lhe que aquilo que adorei e me deliciei diariamente acariciando que foi o Makiwara,  Jamais o queria ver perto de mim, disso não tenha a menor dúvida. Hoje estou uma autêntica desgraça no que respeita às articulações dos ombros, que me fazem sofrer bastante! O ou A Makiwara, como se queira, é uma das coisas NOCIVAS que se utiliza no chamado tradicional. Já sei que vão cair já em cima, mas é uma verdade! Mas eu aguento...

Sabe uma coisa? Eu vou-lhe dizer ao ouvido para que ninguém nos ouça...muita gente que é contra o karate esportivo, se fizessem parte dos cidadãos comuns na época do karate tradicional, se calhar nem à rua saiam....

Isto é um aparte meu dentro do meu espírito humurístico.

Hai!!! Oss!!!

[Lezon]

Meu caro Augusto,

Já me esquecia de lhe dizer que apesar de estar sofrendo das minhas articulações, ainda sou dos que estudo e treino, e no ensino exemplifico treinando, com ou sem parceiro.
Infelizmente ainda não conheço pessoalmente a maioria do pessoal deste fórum, mas espero poder vir a fazê-lo, porque na realidade eu não tenho problemas nenhuns em treinar outros estilos. Nos meus olhos não tenho duas palas que só me façam ver em frente...
A única pessoa do fórum que tive o imenso prazer de conhecer pessoalmente, treinando diga-se, foi o SIMÕES que faz Shotokan, a ele e o seu sensei FILIPE MARTINS, aos quais lhes agradeço por me terem deixado treinar a mim e ao meu braço direito, sensei ROBERTO PIMENTEL e seu irmão JOSÉ PIMENTEL.

Hai!! Oss!!
José Lezon 

[Neto110]

Lezon, enquanto médico, eu tinha uma visão meio torta da makiwara (embora tenha feito 4 delas em minha academia) e o grupo do fórum me mostrou que eu estava equivocado.

O problema com a makiwara são algumas pessoas com predisposição a problemas articulares e o uso ml orientado dela. Certamente o seu caso era predisposição.

Outra coisa: naõ li nada na literatura sobre degeneração articular com a makiwara, mesmo procurando. Confesso porém que naõ encontrei nenhum ortopedista karateka que estude isto para me indicar publicações médicas do assunto.

Vamos ver se nos encontramos sim. Pessoalmente somos mais feios, mas certamente mais agradáveis que uma tela de computador.

[Lezon]

Caro Augusto,

Eu já imaginava que me respondesse assim...Na verdade, nem todos vêm a sofrer das articulações. Como sabe muito bem, há muitos fumadores que vivem até aos fins dos seus dias, não morrem de câncer. Mas que o fumo é um elemnto causador é verdade, pois está mais que provado.

Eu também padeci um pouco porque também fui guarda-redes, aliás, aqui se chama "goleiro". O médico ortopedista me disse que tudo isto adicionado ao trabalho do makiwara foi um dos motivos sérios do meu problema.

Feios ou bonitos, o que será mais interessante é nos virmos a conhecer um dia.

Hai!! Oss!!
Lezon   

[Neto110]

Sobre o FUmo Lezon, é que o estudo para provar sem dúvidas isto naõ foi feito ainda Sabem,os que faz mal mas o trabalho sem mácula neste sentido está por ser feito ainda.

Sobre nos conhecermos, é questão de tempo mesmo, embora acho que vou ocnhecer primeiro o colega de Araguari o Pêcego, é uma hora de viagem só.

[Lezon]

Caro Augusto,

Se o meu amigo fumar um só cigarro com ele dentro de uma cigarreira novinha em folha, no final verifique como está a cigarreira por dentro e não precisará de saber de mais nada!!!

Mas não faço isso meu amigo, porque aqueles que eu não gosto aconselho-os a fumar...heheheheh

hai!!! Osss!!!
Lezon

[Avi]

Oss augusto

Augusto, voce tem alguma informaçao sobre um comparativo entre a reação do makiwara as articulações e a reação de um saco de boxe? O impacto seria maior ou menor? o saco de boxe seria menos nocivo por estar pendurado e dessa forma vergar mais q um makiwara no impacto?

oss

[Antonio Pêcego]

Caro Augusto,

Com certeza é questão de tempo nos conhecermos pessoalmente, uma vez que 70 km é muito pouco entre as nossas cidades, além do que temos alguns conhecidos do karate em comum na cidade de Uberlândia.  Em 2003 dei aulas no CESUC à noite.

Tenha a certeza que para nós será uma honra imensurável.

Oss !!!

Antonio Pêcego - Araguari/MG

[Neto110]

Avi, em virtude de uma prova de título que vou fazer em oububro estou tendo pouco tempo para estudar outra coisa que naõ os tópicos da prova.

Mas é um assunto interessante.