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Karate => Geral => Tópico iniciado por: Arivaldo em Agosto 07, 2008, 11:21:32
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Discutimos sempre no fórum a qualidade técnica como um dos fatores para a baixa frequência nas academias ou dojos. Embora eu ache que o poduto “karate†se encaixe em todos os segmentos, quer seja, budo, arte marcial, esportivo (olimpico ou não), atividade fisica para manutenção da saúde etc, etc, o gerenciamento deixa a desejar. Partindo desse pensamento faço alguns questionamentos sobre o assunto.
1)Podemos encarar uma academia ou dojo como uma pequena empresa ?
2)É necessário estabelecer um plano de negócios e fazer uma formulação estratégica ?
3)Quando reconhecemos nossas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, temos mais chances de traçar nossos objetivos para o crescimento de nosso dojo ?
Ari - Santos/SP
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Olá!
Caro Ari,
acho que os dojos de Karate que operam como esporte, como atividade fisica para manutenção da saúde,estão vendendo o Karate como um "produto", e bem, pois vejo esses dojos com bastante alunos ou praticantes.
Mas, os Dojos que ensinam o Verdadeiro Karate,como Arte Marcial que é, estão com pouquissimos praticantes.
Em um dojo que ensina o Karate como atividade fisica ou esporte,não poderia ensinar de outra forma,pois se assim o fizesse,com o tempo arrebentaria as articulações e outras partes dos praticantes,não sendo justificável a sua opção.
E quem hoje está disposto a correr esses riscos,se com um pequeno tempo de treino,já se torna um faixa preta,sem nenhuma mácula fisica e com um tremendo orguho de sua faixa?
Ainda acho que um Dojo de Karate, deve ser mais do que um simples local onde se exercita a discipina,deve ser um templo cujas atitudes sejam baseadas nos antigos conceitos do Karate e, em sua total essência.
E que ninguem me venha dizer que os tempos mudaram,pois eu ainda sou da época que homem dançava com mulher.
Oss!
Pedro
Jamais uma empresa ou um clube de esporte.
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É puro achismo, já que não qualificação pra comentar o assunto, mas é fato que precisa ser administrado como empresa.
Pedrão, de que adianta conduzir como se fosse um templo se ninguém estiver freqüentando? Claro que há de se manter o que há de verdadeiro no karate, mas é só olhar pro grande número de bons professores de karate que estão por aà mendigando alunos. Os que não buscaram alternativas fora do karate foram para as federações ganhar uma grana extra (honestamente inclusive), pois as aulas não pagam as contas. É preciso gerar atrativos, é preciso ter um planejamento que mantenha o dojo sustentável, escolher a localização ideal, uma série de coisas. Lembro que na febre do Jiu-jitsu começaram a dar aulas aqui em Porto Alegre também, até então acho que não havia ninguém de JJ por aqui. Os caras cobravam, na época, acho que algo por volta de R$ 80 ou mais. Isso há pouco mais de 10 anos. O pessoal do karate ficava abobado, era uma mensalidade impensável de cobrar. Mas as academias de JJ estavam lotadas, eram poucas mas tinham muitos alunos, algumas cobrando mais de R$ 100. A verdade é que não era só o JJ o diferencial, a administração era boa com atrativos pros alunos. Detalhe interessante: a federação de JJ estipulava o valor mÃnimo da mensalidade, no caso era por volta de R$ 80. Ou seja, professor com o aval da federação não poderia cobrar menos, era já uma forma de mostrar que ali havia um cara qualificado.
Há muito tempo os professores de karate deveriam abrir os olhos pra estas questões, mas não o fazem. As federações, infelizmente, só querem saber de arrecadar e não desenvolvem projetos e nem prestam auxÃlio neste sentido pois também não sabem como (ou não querem) fazer. E não se enganem, ao menos aqui mesmo os professores "esportivos" não têm tantos alunos assim.
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OLá!
Caro Rodrigo,quem quer treinar um bom e verdadeiro Karate,não precisa de nenhum outro atrativo a não ser aquele que o próprio Karate lhe proporciona.
Oss!
Pedro
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Pedrão, eu entendo e concordo isso. Mas a maioria não entende e os professores precisam de alunos. O karate sofreu diversas mudanças desde Okinawa para atrair mais praticantes e se manter vivo, não vejo porque não fazer isso de modo inteligente e respeitando nossas origens. Foi por este pensamento de que "quem quer treinar aparece e treina" que cada vez menos gente pratica karate.
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Olá!
Então Rodrigo,só porque os professores precisam de alunos,faz-se um Karate qualquer para adaptar-se ao gosto de pessoas que querem estar na zona de conforto?
Muito bom se cada vez menos gente treinase Karate,mas um Karate de verdade.É melhor assim do que muita gente treinando um Karate desqualificado.
Oss!
Pedro
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Discutimos sempre no fórum a qualidade técnica como um dos fatores para a baixa frequência nas academias ou dojos. Embora eu ache que o poduto “karate†se encaixe em todos os segmentos, quer seja, budo, arte marcial, esportivo (olimpico ou não), atividade fisica para manutenção da saúde etc, etc, o gerenciamento deixa a desejar. Partindo desse pensamento faço alguns questionamentos sobre o assunto.
1)Podemos encarar uma academia ou dojo como uma pequena empresa ?
2)É necessário estabelecer um plano de negócios e fazer uma formulação estratégica ?
3)Quando reconhecemos nossas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, temos mais chances de traçar nossos objetivos para o crescimento de nosso dojo ?
Ari - Santos/SP
Ari Sensei,
Bom tópico diante da relevância do tema. Vou tentar responder dentro da minha visão, ou seja, de alguém que já viveu dando aula durante alguns poucos anos (1981 à 1989) e atualmente só treina por opção própria e ter profissão diversa.
1) - Todos que vivem exclusivamente de dar aulas de karate, nos dias atuais, se não tiver a visão empresarial vai viver à mingua, ou melhor apenas sobreviver. A visão empresarial não é no karate, mas sim na necessária administração da academia ou dojo, seja ela concentrada, descentralizada ou até mesmo participativa. Visão não implica, em tese, em gestão propriamente dita em sentido amplo, sob pena do karate virar literalmente na sua academia ou dojo um balcão de negócios. Particularmente, sem citar nomes, no que me reservo, conheço ambas as realidades, ou seja, quem trata o seu dojo como um grande negócio empresarial, bem como quem sobrevive apenas dando aulas de karate em seu dojo, sem qualquer tino comercial (coisa rara nos dias atuais);
2) - O plano de negócios e a formulação estratégica têm que se adequar ao "produto" que se "vende". Assim, na seara do karate, sem alterar a sua essência, seja na vertente marcial e/ou esportiva, há que se fazer a melhor adequação desse binômio;
3) - Perfeitamente, só assim nos sentimos estimulados a progredir, do contrário a perigosa estagnação bate à porta. A vida é dinâmica, basta ver o dia-a-dia, por isso mesmo tem que se encarar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças como acontecimentos que integram o todo e nos fazem refletir constantemente, na busca da luz a ser seguida para o próximo passo.
Oss !!!
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Oss!
Acho que essa conversa já aconteceu e a conclusão é que nenhum lado ganha.
Vejam, minha familia é em grande maioria formada por Médicos e a muitos anos atrais existia grande comoção a respeito de como um hospital deveria ser administrado e até então (por orgulho ou medo) apenas médicos veteranos administravam hospitais.
Por tanto tÃnhamos excelentes profissionais trabalhando felizes e bem remunerados em hospitais que rapidamente se deterioravam, acumulavam contas e eventualmente faliam.
Então se decidiu que um hospital deveria ser administrado por quem entende de administração e os médicos que fizessem o trabalho de médico. E rapidamente vemos o que temos hoje, hospitais bonitos e modernos com atendimento deplorável, profissionais mal pagos e pouco qualificados.
Minha lição aprendida é que uma ACADEMIA de Karate deve ser administrada como uma empresa sim! Deve existir planejamento, deve existir atrativos, etc.
Mas nunca uma AULA de karate deve se transformar em negócio. E essa meus caros, me parece uma harmonia difÃcil de se manter quando o único objetivo é o lucro.
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Quando falo em administração ou gerenciamento não entro no mérito do conteúdo das aulas. Uma coisa é o conteúdo e objetivo do dojo (marcial, esportivo ou qualquer outro que seja) e a outra seria o gerenciamento propriamente dito. Um Sensei deveria apenas se preocupar com a qualidade das aulas, como obter melhor rendimento dos alunos e aumentar seus conhecimentos e deixar a administração ou gerenciamento para alguém que tenha as qualidades e uma visão macro do ambiente em que está atuando.
No caso dos objetivos citados por você (Pedrão), partindo deste ponto o Administrador iria estabelecer metas que deveriam ser atingidas e identificação dos seguintes itens:
1)Oportunidades: Mostrar quais o beneficios da sua aula; que a mensalidade (investimento) paga ao entrar em sua academia não será em vão; mostrar que o seu esforço será recompensado com a melhoria da sua saúde etc; mostrar porque o método de suas aulas são diferenciados para melhor atendimentos das necessidades de seus alunos ou das pessoas que vierem procurá-lo etc..
As oportunidades são garimpadas no ambiente externo, mas também depende muito do esforço da academia para potencializá-las.
2)Ameaças: Novos concorrentes (outras artes marciais); falta de atualização (métodos ultrapassados ou equipamentos absoletos); queda na renda (diminuição de alunos) etc..
3)Pontos fortes: Colaboradores comprometidos; Cultura organizacional forte (professor atualizado); Bom sistema de controle; Preço competitivo; etc.
4)Pontos fracos: Qualidade da aula inferior; Academia pouco lembrada (não participa de nada); falta de credibilidade ; falta de comunicação; falta de investimento em desenvolvimento pessoal (cursos de atualização, secretaria para informação) etc.
A partir do momento que tivermos melhor organização teremos academias fortes com boas propostas (karate forte e bem diversificado e que atenda a todos) e bastantes alunos.
Ari - Santos/SP
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1)Podemos encarar uma academia ou dojo como uma pequena empresa ?
Não, se queremos sobreviver devemos buscar informações e encarar nossa academia como uma GRANDE EMPRESA.
2)É necessário estabelecer um plano de negócios e fazer uma formulação estratégica ?
É obvio que sim, traçamos nossos planos baseados em nosso objetivo. Qual o produto que venderemos? Karate Tradicional? se a resposta for sim, então marketing em cima disso. Karate Esportivo? se a resposta for sim marketing em cima disso
3)Quando reconhecemos nossas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, temos mais chances de traçar nossos objetivos para o crescimento de nosso dojo ?
Sim, evidente que todos temos forças e fraquezas, basta termos coragem de assumi-las, principalmente as fraquezas e buscar por melhoras.
Ari - Santos/SP
Ser fiel e sincero aos seus objetivos é o único caminho para se atingir a meta e devemos esvaziar xÃcaras para nos tornarmos receptivos ao novo, esse no meu modo de ver é o que mais impede a prosperidade financeira dos professores de Karate.
OSS...
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Oss Ari!
Blz, acho que todos estamos dizendo mais ou menos a mesma coisa.
Mas creio que o problema principal aqui seja outro.
Talvez, as pessoas simplesmente não se interessem mais pelo produto que oferecemos (Karate de verdade!) e nesse caso, que saÃda existe?
Também existe um outro sério problema.
Quase sempre fiz karate em um clube (não UMA academia) e meu Sensei e outros alunos éramos muito fortes comparado aos outros clubes de Campinas (devo explicar que aula de clube não pode ser especialmente puxada devido ao contexto de um clube).
Então meu Sensei foi para a WKF e eu parei de treinar com ele. A queda na qualidade, métricas e etc foi chocante, praticamente toda a turma saiu e veio uma galerinha nova.
Fiquei muito triste e revoltado outro dia quando um conhecido meu disse que começou a fazer aula com esse meu Sensei mas que estava decepcionado pois as aulas de Karate eram muito fracas e os alunos piores ainda.
Ele disse "Karate" em um sentido geral (TODO o karate) e acho que isso que me deixou mais perturbado.
Então, creio que apenas gerenciar melhor as academias não traria os alunos de volta pois a grande maioria deles estão desiludidos com o Karate e os novos ficam poucos meses e desistem porque não entendem sobre o que se trata o Karate.
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DoghQuch,
Karate de verdade ? Não gostaria de entrar no mérito do “karate de verdadeâ€, pois desde que a pessoa trabalhe com convicção e coração, quer seja esportivo, marcial ou ambos, para mim ele está fazendo um karate de verdade dentro do campo de sua atuação.
Quando escolhemos como profissão ser instrutor de karate, querendo ou não nossa academia ou dojo é um negócio e é dali que tiramos nosso sustento e buscamos sucesso nesse empreendimento.
O planejamento é importante, como em qualquer outra atividade que almeje um fim, ou seja , o planejamento auxilia a visualizar os objetivos a serem alcançados e o caminho que deve ser feito para isso. Planejar é olhar para o futuro. É saber onde se quer chegar e traçar metas, medir riscos, identificar pontos fortes e fracos e realçando os pontos fortes, elaborar estratégias e planos de ação para definir os objetivos e o caminho a percorrer para alcançá-los e desenvolver um contÃnuo processo de avaliação dos resultados. Porque não podemos fazer um trabalho qualitativo (aula boa e forte) e quantitativo (ter mais alunos) ?
Ari - Santos/SP
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Pedrão, não defendi em momento nenhum que se faça um "karate qualquer" ao gosto do praticante só pra ganhar mais alunos, não é isso que defendo. Entendo que precisamos principalmente trabalhar os pontos já citados aà pelo Ari. Pensando sobre o assunto, pergunto: a criação de nÃveis (primeiramente faixa branca e preta) para exportar o karate de Okinawa para o Japão e depois muitos nÃveis mais (criação das faixas coloridas) para tornar viável na Europa - na verdade, ambas foram criações do Judo que copiamos - teriam sido um crime contra o karate? Por causa disso começaram a ensinar um "karate qualquer"?
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DoghQuch,
Karate de verdade ? Não gostaria de entrar no mérito do “karate de verdadeâ€, pois desde que a pessoa trabalhe com convicção e coração, quer seja esportivo, marcial ou ambos, para mim ele está fazendo um karate de verdade dentro do campo de sua atuação.....
Oss Ari!
Você tem razão, foi uma falha grosseira de minha parte.
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Eu não acho que uma academia de karate seja um negócio com dimensão suficiente pra se trabalfhar esses conceitos corporativos.
O proprietario de uma academia de karate que não esteja ganhando dinheiro suficiente tem algumas opçoes:
Se possuir espaço/dinheiro adicionar outras modalidades na academia, musculação, outra arte marcial etc, essas modalidades oderão inclusive atrair mais alunos para conhecer o karate.
Possuir uma grade de horarios que permita ao sensei realizar outras atividades profissionais e assim continuar lecionando karate sem passar fome.
De resto, karate é algo fora de moda, ou seja, tem dificuldade de atrair publico jovem.
oss
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...............â€Karate qualquer†ao gosto do praticante só para ganhar mais alunos.
Não é bem isso.
A idéia principal é de uma academia ou dojo bem organizado e gerenciado e mostrar as pessoas que naquele dojo faz-se um trabalho de qualidade (marcial ou esportivo).
Recentemente fiz um curso na IOB/SP e uma das frases que marcou foi essa:
“Galinha que bota ovos de ouro e não canta vai para a panelaâ€
Uma frase simples e com grande conteúdo e passando isso a linguagem do karate-do, não adianta ser um grande professor, ter um vasto conhecimento dar uma aula marcial ou esportivo muito forte se ninguém te conhece ou sabe onde procurá-lo.
Esse é o trabalho de um boa organização e gerenciamento trazer para junto de você as pessoas que se identificam com seu trabalho proposto e não baixar o nÃvel para se ter mais alunos.
Ari - Santos/SP