Autor Tópico: Os Títulos e Graus dos Professores e Praticantes de Budo  (Lida 2543 vezes)

Offline RENGO-KAI

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Os Títulos e Graus dos Professores e Praticantes de Budo
« Online: Julho 22, 2006, 18:15:30 »
Fundada em 1895, a Dai Nippon Butokukai recebe do governo autorização para “investigar, preservar e promover os bugei Japoneses; fazer exibições e torneios; recolher armas, equipamentos e informações históricas sobre as tradições clássicas de combate; e publicar materiais relacionados com as artes marciais” (McCARTHY, 1995, p. 6).

A preocupação central da instituição tinha duas direcções de focagem: por um lado asseguraria a formação de professores, por outro lado promoveria o entendimento generalizado, no seio da comunidade dos professores, sobre o conteúdo de ensino propriamente dito. E este era provavelmente aspecto principal (McCARTHY, 1999, p. 25).

Para a aceitação do Toudi-jutsu no seio da instituição era necessário implementar:
- Um currículo de ensino unificado;
- A adopção de um uniforme de prática característico para a modalidade; Um uniformizado processo consistente de avaliação dos níveis de prática;
- A implementação do sistema kyu-dan de Jigoro Kano;
- Desenvolver um formato competitivo seguro para que os praticantes possam testar as habilidades e o espírito;
- Mudar o prefixo “China” para “vazio” e adicionar o sufixo dô: Karaté-dô;

A formação e creditação referente aos novos bugei (budo), passa a ser um aspecto central da instituição e com o estabelecimento inicial das titulações dos mestres de artes marciais em 1902, o desenvolvimento operacional da instituição necessitava de um centro especializado para corresponder à respectiva complexificação.

Assim, em 1911, é estabelecida, dentro da Dai Nippon Butoku Kai, a Bujutsu Senmon Gakko (Busen) (Escola Profissional [1] de Artes Marciais), para administrar a creditação nacional, certificação e treino profissional para todas as artes marciais do Japão. Paralelamente, em 1911, o Ministro da Educação estabelece uma directiva que tornam o Kendo e o Judo obrigatório para rapazes em todas as escolas médias, devendo os alunos optar por uma ou outra (DRAEGER, 1974, p. 35).[2]

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Os Títulos e Graus dos Professores e Praticantes de Budo
« Resposta #1 Online: Julho 22, 2006, 18:17:44 »
Em 1930, o Governo Nacional registava mais de dois milhões e meio de cintos negros, e mais de dois mil e quinhentos especialistas de alta graduação registados nas oito maiores disciplinas marciais.
Os títulos gerais desenvolvidos no seio da organizaçã para os shihan (師範); - Professores – foram, do mais alto para o mais baixo: Hanshi (範師; professor exemplar –; Kyoshi (教師)(originalmente conhecido como Tasshi) – professor especialista – e, a partir de 1934, foi adicionado o título de Renshi (錬師) professor com habilidade.
A titulação em causa representava no Butokukai:
A avaliação do progresso individual rumo à obtenção da perfeição humana através da prática das tradições de luta. Esta avaliação não é apenas baseada em aspectos físicos, mas procura ter em conta o desenvolvimento dos aspectos físico, moral e espiritual do ser humano: o objectivo de cultivar, pelo budo, o nosso mundo interior, é um esforço para evoluir no mundo exterior (McCARTHY, 1995, p. 7).
Um outro tipo de graduação que se desenvolveu institucionalmente na Dai Nippon Butokukai é o que se refere ao nível de prática.Como já notámos, Jigoro KANO atribui o grau de 1º dan (shodan) pela primeira vez aos seus alunos Tomita e Saigo em 1883, tinha então 23 anos, e podem-se considerar essas as primeiras graduações oficiais de judo, sob as quais vai sendo construído e alargado o sistema que hoje conhecemos
Depois de estabelecer o kodokan, KANO Sensei distribuía faixas negras aos seus yudansha para serem usadas no dogi (uniforme de prática) estandardizado e, após 1907, a faixa negra é substituída pelo kuro-obi (cinto negro) que se torna o standard até hoje McCARTHY (1995, p.8 ).
Assim sendo, como enfatiza este mesmo autor, o actual uso do cinto (obi) de graduação, usado em muitas artes marciais e desportos de combate com raízes asiáticas, deve-se ao fundador do Judo. Jigoro Kano introduz a inovação de distinguir os diferentes níveis de prática através do desenvolvimento do sistema dan/kyu, primeiro no Kodokan e depois, através da Dai Nippon Butokukai, uniformiza-se o sistema.
O dan (段)ou cinto negro, indicava um nível de prática avançado e os seus possuidores tornam-se conhecidos como yudansha (recipientes de dan); as graduações de kyu (級)resentavam os diversos níveis de competência abaixo do dan, sendo conhecidos como mudansha (aqueles que ainda não receberam o dan).

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Os Títulos e Graus dos Professores e Praticantes de Budo
« Resposta #2 Online: Julho 22, 2006, 18:20:06 »
Nasce assim a primeira institucionalização das graduações que atravessará os diversos Budo. Mesmo tendo em atenção que o termo dan já estava em uso em diferentes domínios para exprimir o grau de proficiência em algumas artes, que já tinha sido usado na escola Jugen-ryû de sabre japonês e que era usado na prática do jogo go desde o período Edo, assim como sabendo que se exprimia normalmente a progressão em três graus (shodan, nidan e sandan – entre outras) – que nas artes marciais era também usado a terminologia kirigami, mokuroku  e menkyo para designar etapas de progressão –, sabendo tudo isto que nos é salientado por TOKITSU (1993, p. 78), é a institucionalização e uniformização que, através da Dai Nippon Butokukai vai dar o novo tom  s graduações.
TOKITSU (1993, p. 77) salienta ainda que, inicialmente, Jigoro KANO só utilizava o sistema de cinco graus de dan e não o sistema de dez como posteriormente passou a usar. Curiosamente, em algumas escolas de Karaté de Gichin FUNAKOSHI, que foi o primeiro a seguir, no Karaté, o mesmo modelo de graduações proposto pelo Dr. KANO em 1924 (ibidem, p. 78), continuou-se a seguir o modelo de graduações até 5º dan inicialmente copiado, sendo na altura do nascimento da Federação Japonesa de Karaté em 1964 que as graduações da JKA se acertam para um sistema para além dos cinco graus, mantendo-se as da Nihon Karatedo Shotokai nos 5 graus iniciais já que, sem estruturação federativa horizontal, não se vincularam ao novo sistema.
Note-se que aquele movimento percursor foi seguido em todo o mundo e em todas as artes marciais do extremo oriente, sendo interessante notar como influenciou bastante Okinawa onde é usual a graduação de 9º e de 10º dan dos diversos mestres mais graduados, ao passo que a tendência Japonesa metropolitana é a de ficar pelo 8º dan, numa perspectiva mais institucional.

Abel Figueiredo
fonte : http://ekarate.wordpress.com/tag/artigos/