Tópico: Grandes Personagens da História do Karate-Do

[Rodrigo (Rodfu)]

Sem dúvida que citarei as fontes corretamente. Obrigado.

[yama]

Oss Troyman Sensei

Lhe mandei uma MP minutos antes de abrir este tópico sobre sua tese,que coisa doida.

é uma tese excelente,muito bem pesquisada e fundamentada.

Oss
alberto/Santos.

[Troyman]

Rodrigo

Bem a propósito, o próximo personagem de quem vou falar é justamente Kentsu Yabu e muito do que você colocou lá na comunidade Karate-Dô No Kokoro será comentada, embora não tão detalhadamente.  Quanto à foto da reunião de 1934, tenho algumas versões que posso mandar para o seu e-mail (diga-me qual), mas você pode achar na Internet e copiar para o seu computador se preferir.


Yama

Esta tese já está no site da Shorin há bastante tempo.  Espero que tenha gostado.  Vou dar uma olhada na MP.

Saudações

Saudações  

[Avi]

Graduações de dan sempre exigem a produção de teses? Como funciona isso?

oss

[Troyman]

Avi

Não é um requisito oficial da FKERJ, mas na IUSKF a tese é pedida de 7o. Dan acima.  Como eu tinha material e já era um projeto meu escrever sobre a História do estilo Shorin, escrevi e apresentei.

Saudações   

[Avi]

OSS

[Troyman]

Bem, vamos lá para mais um personagem da História do Karate-Do.  O Rodrigo Rodfu comentou sobre sua comunidade do Orkut "Karate no Kokoro" onde há um tópico para expor a biografia de grandes mestres do Karate.  Nesse tópico ele iniciou justamente com este mestre de quem eu vou falar agora: Kentsu Yabu

Kentsu Yabu

1860-1937

Kentsu Yabu era mais comumentemente conhecido como "Gunso", ou "Sargento", uma referência à sua carreira no exército imperial japonês.  Aparentemente ele foi além do posto de sargento, chegando a segundo-tenente e a habilidade com que levou a sua carreira no exército japonês sugere uma grande rigidez de caráter e aptidão para a vida militar.  Os okinawanos nunca foram um povo belicoso e as gerações mais antigas se opunham a todas as formas de serviço militar.  As leis impostas no resto do território japonês em 1873 não se aplicavam em Okinawa até 1898.  O número de ilhéus rejeitados para o serviço militar por causa do analfabetismo, baixa estatura e outras razões era maior do que em qualquer outra província do Japão.  Os poucos que chegaram a servir sob a dura disciplina da vida no exército japonês eram bem mais determinados do que a média do povo okinawano.

Diz-se que Yabu chegou a entrar em ação no fronte chinês durante a Guerra Sino-Japonesa de 1894/95.  Ele devia ter 27 anos de idade na época, o que torna a questão bastante factível.  Infelizmente talvez seja tarde para se tentar achar qualquer detalhe dessa parte da vida de Yabu.

Mitsusuke Harada dizia que, de fato, conheceu um tal Sr. Tamashiro, um okinawano que tinha sido tenente no exército japonês no mesmo regimento onde Yabu serviu. Tamashiro teria dito que, no tempo de Yabu, o número de okinawanos que serviram o exército era muito pequeno.  Eles eram facilmente vitimados e batidos.  Kentsu Yabu não teria suportado esta situação e resolveu combater o preconceito.  Incidentes ocorreram, o que levou a investigações oficiais.  Yabu foi inocentado de todas as acusações e tornou-se um herói para seus companheiros conterrâneos.

De acordo com Hiroyasu Tamae, quando Yabu era sargento ele foi desafiado para uma luta por um soldado que, quando atacou, Yabu revidou, matando-o instantaneamente.  Houve um inquérito e o oficial responsável pela investigação, que havia ouvido sobre o Karate de Okinawa, perguntou a Yabu se ele havia utilizado essa técnica.  Yabu respondeu que havia revidado com a mão aberta e não com o punho.  Se ele tivesse usado o seu punho, explicou, as costelas do seu oponente teriam sido esmagadas.  Ordenaram-lhe então que esmurrasse uma árvore próxima e a árvore partiu-se no local onde ele socou, o que surpreendeu profundamente o oficial investigador.  Como resultado, concluiu-se no relatório oficial que a causa da morte não teve como ser esclarecida e a carreira de Yabu permaneceu intacta.

Tamae  nunca teve um conhecimento pessoal sobre esse evento.  A história deve ter circulado pelo mundo do Karate de Okinawa por alguns anos e, sem dúvida, cresceu no imaginário popular.  Se o fato é verídico e se Yabu alguma vez matou alguém usando sua perícia no Karate é impossível de se afirmar.

A referência ao golpe de mão aberta de Yabu é, entretanto, interessante, porque ele ficou famoso por ser um especialista nas técnicas de mão aberta.  Seu kata favorito era o "Gojushiho" que contém uma variedade de técnicas de "nukite-waza": Shinken Gima recordava: "Quando eu era estudante em Okinawa, meu professor de Karate era Kentsu Yabu.  Mestre Yabu mostrava-nos técnicas de "nukite" (ponta de dedos), nas quais era um especialista excepcional.  Mas ele nos dizia, 'Para vocês isto é muito difícil e perigoso de se utilizar da forma que eu faço, então, em vez de usar "nukite" é melhor vocês usarem o punho fechado'."

Yabu, alto e de ombros largos, era tido em Okinawa como um Karate-ka poderoso e um especialista genuino.  Uma vez ele derrotou Choki Motobu - "O temido Choki Motobu" como Shinken Gima o chamava – embora novamente os detalhes não sejam bem claros.  O artista marcial e autor americano Dave Lowry escreveu que não ocorreu numa luta de Karate, mas sim uma luta de "Tegumi" – uma forma okinawana de luta livre.  No cômputo de Lowry, Yabu foi capaz de vencer Motobu depois de vinte minutos de luta.

Quando se aposentou do exército, Sensei Yabu tornou-se professor da Força de
Cadetes na Escola para Professores de Okinawa.  Ele ensinou Karate durante muitos anos e sua experiência no exército para lidar com grandes agrupamentos de homens deve ter sido útil na organização das aulas.  Para as gerações anteriores o Karate era ensinado em segredo e um mestre tinha apenas um punhado de alunos, às vezes um só.  Com a introdução do Karate no sistema educacional foi necessário achar um meio de ensinar a arte a grandes turmas, e, de fato, Sensei Harada sugeriu que a 'militarização' do Karate seria decorrente do trabalho de Gunso Yabu.  O termo "Militarização" não deve ser encarado como algo negativo, mas como uma forma de conduzir grandes turmas com repetições de técnicas dentro de uma contagem.

Qualquer que seja a avaliação, o ensinamento de Yabu era disciplinado e desafiador.  Ele insistia nas repetições e no domínio de um kata antes de passar para o próximo.  Shinken Gima, que ingressou na escola para professors em 1911, lembrava que, embora ele conhecesse diversos katas, ele treinava apenas o Naihanchi durante o tempo que treinou lá.  Yabu dizia a seus alunos que eles deveriam fazer 10.000 katas por ano, ou 30 katas por dia!

Yabu aparece na famosa foto de 1936 onde mestres de Okinawa se juntaram para decidir sobre o futuro do Karate, mas suas roupas parecem folgadas sobre sua antes imponente figura e ele parece apresentar apenas um sombra do que fora em tempos anteriores.  Ele estava seriamente doente, mas aqui também sua auto-disciplina e rigidez de caráter são bastante evidentes.

"Ele se aposentou da Escola para Professores devido à tuberculose," escreveu Hiroyasu Tamae, "ainda que, estranhamente eu costumasse vê-lo todas as manhãs na mesma hora.  Eu digo estranhamente porque, naquela época, a tuberculose era uma doença virulenta que matava 99% das pessoas que a contraíam. As pessoas tuberculosas ficavam  debilitadas física e espiritualmente.  Isto não acontecia com Sensei Yabu. Toda manhã ele levantava e apreciava uma boa caminhada.  Algumas vezes ele parava para tossir sangue e catarro, e nessas ocasiões ele gritava 'Vá para o inferno!', antes de voltar para casa.  Eu ficava muito impressionado com a maneira que Sensei Yabu enfrentava a doença."

"Sua aparência era tão lamentável nessa ocasião que ele parecia um cadáver. Era muito triste vê-lo naquele estado, mas olhando para trás, talvez eu não devesse me sentir daquele jeito.  Eu acho que nas suas silenciosas caminhadas feitas nos mesmos horários todas as manhãs, Sensei Yabu alcançava o Satori (Iluminação)."

Mestre Yabu morreu em 1937 com a idade de 74 anos.

Na comunidade do Orkut do Rodrigo há mais detalhes sobre a vida deste mestre de Shuri-Te que foi aluno de Sokon Matsumura e de Anko Itosu, incluindo um link para um site com muitas fotos disponibilizadas por parentes do mestre.

Saudações      

[Troyman]

Caraca!  Ninguém vai comentar sobre este personagem, não?!?

Saudações   

[Troyman]

Dando prosseguimento ao tópico, vamos falar agora do maior responsável pelo desenvolvimento do estilo que mais tarde viria a se tornar o Goju-Ryu:  Kanryo Higaonna.

Kanryo Higaonna (1853 - 1915)

O Grão-mestre Kanryo Higaonna nasceu em 10 de março de 1853, em Naha, capital de Okinawa.  Seu pai trabalhava como mercador, vendendo suas mercadorias todos os dias pelas pequenas ilhas do arquipélago Ryu Kyu.  Desde pequeno, Kanryo Higaonna ajudava seu pai neste trabalho e nessa tarefa, através dos exercícios físicos envolvidos, acabou desenvolvendo um corpo forte e ágil.

     Kanryo Higaonna estava ainda na adolescência quando seu pai morreu subitamente.  Kanryo decidiu então estudar as artes marciais e, para isso, fez de tudo para conseguir viajar para Fuchou, China.  Ele chegou lá no ano de 1869, com dezesseis anos de idade.  Uma vez em Fuchou ele estudou as artes marciais chinesas sob a égide do Grão-Mestre Ryu Ryu Ko.  Logo, logo, tornou-se um  "Uchi Deshi" (aluno preferencial) e permaneceu na China sob a severa instrução de seu professor por aproximadamente 13 anos.  Além de estudar artes marciais desarmadas, também envolveu-se na prática com  armas chinesas e medicina natural com ervas.  Mestre Ryu Ryu Ko estimava altamente seu pupilo e sancionou a sua proficiência nessas artes – uma honra extremamente rara.  Tal era a habilidade de Kanryo nas artes marciais que sua fama se espalhou por Fuchou e pelas redondezas.

Chojun Miyagi (fundador do estilo Goju-Ryu e sucessor de Kanryo Higaonna) disse de Higaonna, "Meu Sensei possuía uma incrível resistência; a severidade dos treinos pelos quais passou na China está além da da nossa compreensão... A velocidade e a potência do Sensei Kanryo eram de fato super-humanas; suas mãos e pés moviam-se mais rápido que o relâmpago.  Palavras não são capazes de expressar a sua verdadeira habilidade.  Podemos apenas dizer que sua destreza era inacreditável, mas mesmo assim falharíamos em fazer-lhe justiça."

No ano de 1881, depois de 13 anos de estudos diligentes com seu professor, ele retornou a Okinawa e Naha, onde sua arte marcial passou a ser conhecida como Naha-te (essas artes eram também referidas como "Tode",  significando "artes marciais da China").  Kanryo Higaonna ensinou essas artes marciais ao povo de Okinawa e ao mesmo tempo continuou com sua própria pesqisa e prática.  Para ensinar à juventude de Okinawa ele desenvolveu um método que era especificamente projetado para desenvolver o corpo e a mente; para melhorar o bem-estar tanto físico quanto espiritual.

A primeira ocasião em que a arte do Naha-te previamente tida como secreta foi aberta à sociedade em geral ocorreu em outubro de 1905, quando Kanryo Higaonna começou a ensinar na escola secundária.

Quando ensinava, Kanryo Higaonna era um mestre extremamente rígido.  Entretanto, em todos os dias de sua vida ele foi um homem quieto e humilde e um mestre reconhecido por seu caráter virtuoso.  Ele era um homem sem a necessidade das coisa mundanas.  Levava uma vida simples, completamente devotada ao estudo e à prática das artes marciais.

Há muitas histórias que contam relatos da vida e do treinamento de Kanryo Higaonna.  O poder de suas pernas era lendário, tanto que era conhecido em Okinawa como "Ashi no Higaonna" ("Higaonna das Pernas").  Seu caráter virtuoso era largamente conhecido e respeitado, e por causa de sua popularidade o povo de Naha colocou-lhe a alcunha de "Obushi Higaonna Tanrei" ("Grande e Elegante Guerreiro Higaonna"), um nome que refletia a afeição e o respeito que tinham por este grande homem e insuperável artista marcial.

Além da inigualável perícia de Kanryo Higaonna nas artes marciais, seu imenso e distinto trabalho em trazer as formas da arte marcial da China para Okinawa muito contribuiu para divulgar essas artes entre o povo okinawano.

Hoje Kanryo Higaonna é agraciado com o título de "Kensei (Punhos Sagrados) Higaonna Kanryo", um título eminentemente apropriado.  Seu nome é sinônimo de artes marciais de Okinawa e de Naha-te, e seu espírito está destinado a viver para sempre como um grande e valioso tesouro para a cultura okinawana.

Toda a vida de Kanryo Higaonna foi devotada ao Karate-Do.  O seu passamento se deu em dezembro de 1915, com a idade de 63 anos de idade.

Este é um dos personagens da História do Karate-Do que se pode dizer teve uma das maiores influências no desenvolvimento da característica mais marcante no que diz respeito ao Kenpo Chinês, mormente o estilo do Tigre do Kung Fu Shaolin, cujas práticas respiratórias formam a maior identidade do estilo Goju-Ryu.

Saudações      

[yama]

Oss Troyman Sensei

Impressionante como esses Sensei tinham muito mais  virtudes de 1ª,do que de defeitos.

detalhe os meios de comunicação da época eram apenas as escritas e o boca a boca

Oss
alberto/Santos.

[Troyman]

Bem, aqui vamos nós para mais um grande personagem da História do Karate-Do: Shinpan Gusukuma Shiroma

Um dos alunos de Yasutsune "Ankoh" Itosu foi Gusukuma Shiroma (1890-1954) que também foi contemporâneo e colega de Choshin Chibana.  Gusukuma, também chamado de Shinpan Shiroma pelos japoneses, é virtualmente desconhecido devido ao fato de ser uma pessoa discreta sem o menor interesse em expandir a arte que tanto amava.  Seu único objetivo era ensinar um bom Karate e dessa forma teve poucos alunos verdadeiramente dedicados.

Embora fosse colega de Choshin Chibana, pouco tem sido falado da técnica deste mestre.  Ele começou a ensinar pouco depois da Segunda Guerra Mundial e era amigo íntimo de Kenwa Mabuni, Chojun Miyagi, Juhatsu Kyoda e Chotoku Kyan.  Ensinava regularmente no Castelo de Shuri e mantinha um dojo em sua casa na cidade de Nishihara.  Era professor por profissão mas sua paixão era o Karate do estilo de Shuri.

Um dos seus primeiros discípulos foi Seikichi Iha (que atualmente reside em East Lansing, Michigan) e que sempre fala sobre seu professor.  O que se segue são alguns dos pensamentos relativos ao tipo de treinamento ministrado por Gusukuma nos anos 50:

Treinar com Sensei Gusukuma era restrito e tradicional.  Havia muito treino por conta própria onde ele observava o quanto você estava interessado em aprender.  Todos os estudantes tornavam-se antes aprendizes que ajudavam a limpar o dojo por um período de seis meses a um ano.  Eles podiam assistir aos treinos mas sem participar e receber instruções.  Quando Sensei Gusukuma achava que eles estavam prontos, ele então convidadava-os a se juntar aos treinos.  O Sensei nunca ensinava diretamente, mas mandava os alunos mais antigos comandar todo o treinamento.  Ele apenas ensinava diretamente a dois ou três dos melhores alunos e os instruia a passar adiante os conhecimentos.  Esta era uma forma muito tradicional de ensino.

Durante as aulas, o Sensei avaliava todos os alunos e aconselhava sobre suas fraquezas.  Ele permitia cada estudante demonstrar dois katas para ele enquanto observava.  O Sensei então lhes dizia que precisavam trabalhar as bases, ou a potência, etc.  Eles então treinavam baseados nas avaliações do Sensei.  Às vezes o Sensei mostrava uma técnica a um aluno e dizia, "Ha, eu te mostrei algo!  Você tem muita sorte de eu ter feito isso!  Agora vá e treine!!!"

Sensei Gusukuma ensinava pessoalmente os dois ou três dos melhores alunos e era então responsabilidade deles passar os métodos ao resto dos alunos.  Um aluno senior sempre estava lá para ensinar enquanto o Sensei observava ou treinava sozinho. O Sensei media 1,55 m e pesava 56,7 Kg aproximadamente.  Era extremamente forte e treinava seus punhos e artelhos no makiwara todos os dias.  Acreditava que um praticante de Karate devia ser capaz de gerar potência equivalente a três vezes o seu próprio peso, fosse com o punho, fosse com o pé.  É desnecessário dizer que os alunos estavam sempre consertando as tábuas dos makiwara.

Se um estudante não treinasse para valer, Sensei Gusukuma o convidava a deixar o dojo e só voltar quando se sentisse pronto a treinar.  Se o aluno insistisse com a mesma atitude, Sensei Gusukuma dizia para não retornar a menos que mostrasse seriedade para aprender e treinar.  O Sensei era rigoroso com alunos que não ouviam.  Tinha boa memória e sempre dizia aos alunos para trabalhar um soco ou um chute ou um kata.  Se o aluno não fizesse o que ele pedia então ele chamava a sua atenção e o chutava para fora do dojo por fazê-lo perder o seu tempo em não ouvir.

Pouco antes da Guerra e quando Gusukuma Shiroma estava de férias no seu trabalho na escola em que dava aulas, ele viajou para o Japão, onde assistiu a uma demonstração de artes marciais.  Assistiu a um grupo de especialistas do sexo feminino em Yari que possuiam um dojo em Tokyo.  Ficou tão impressionado com a concentração delas que decidiu tomar lições com a professora de Yari.
Gusukuma então foi ao dojo delas e requisitou pelas lições.  Ele também declarou que estaria no Japão por apenas três meses por ser um professor de escola secundária em Okinawa e que teria que retornar para ensinar.  A professora então deu-lhe um Yari de madeira e mostrou-lhe como executar um "nuki" (uma estocada com o harpão).  Foi ordenado então para praticar o movimento durante duas ou três horas.  Gusukuma continuou a ir ao dojo todos os dias pelos três meses e a única técnica que ele praticou foi o "nuki."  Quando estava para voltar para Okinawa, ele perguntou à Sensei se ele estava indo bem e se ele deveria praticar outras técnicas.  Ela respondeu que ele estava indo bem mas que necessitava praticar mais antes de passar a outra técnica.  Então ele perguntou qual era o tempo médio para passar à próxima técnica. Ela respondeu, "Cerca de três anos."  No final de sua estadia no Japão, Gusukuma aproximou-se mais uma vez da professora para avisá-la de que estaria retornando a Okinawa.  Ele agradeceu pelo tempo dispendido e afirmou que continuaria a praticar e que voltaria no ano seguinte.  Então ela olhou demoradamente para o grande Gusukuma e disse, "Estou feliz que vai continuar praticando.  Todos nós precisamos disso para aprender o 'Caminho'.  Obrigado pelos seus esforços e adeus."  Ela, então, foi-se embora.

Gusukuma Shiroma costumava falar das oito considerações sobre o chute e das quarto considerações sobre o soco.

Considerações sobre o chute:

1. Quando chutar em um kata ou kumite, as costas devem permanecer retas e dessa forma permitir socar se o chute for bloqueado.
2. Os chutes mais rápidos são da variedade "snap".
3. Os chutes frontais nos katas são executados com a ponta dos artelhos.
4. O chute mais importante é aquele desferido à região chudan (intermediária do corpo).
5. Considere o joelho com a dobradiça do chute.
6. O tornozelo deve ser forte ao se chutar, assim como o pulso deve ser forte ao se socar.
7. A perna é solta e flexível, enquanto que os artelhos são firmes.  Assim como num soco o braço é solto, enquanto que o punho é firme.
8. Quando chutar, faça-o com ambas as pernas.
 
Considerações sobre o soco:

1. O nó do dedo médio e o nó do polegar apertam o o dedo indicador num bom punho.
2. Ao fazer um punho forte, o dedo indicador é dobrado primeiro.
3. Socos são dados com o braço solto e o punho apertado.
4. Você bate primeiro com o nó do dedo indicador.

Durante a Batalha de Okinawa, Shiroma perdeu muitos alunos, mas posteriormente conseguiu reabrir o seu dojo na vila Tera, Shuri, e, pelos dois anos anteriores à sua morte em 1954 (aos 64 anos de idade), ele ensinou Karate em Naminoue, em Naha.  Apesar de sua relativamente curta vida, Shiroma acreditava que o objetivo do Karate era a longevidade.  Quando alguém mencionava que tinha conhecido um bom karate-ka, Shiroma imediatamente perguntava a idade da pessoa em questão.  Se a resposta fosse acima de 90 anos, Shiroma exclamava: "Então ele deve realmente ter sido um bom karate-ka!"

Shinpan Shiroma foi, junto com Kenwa Mabuni, fundador do estilo Shito-Ryu, embora cada um o tivesse feito independentemente do outro.  Mas como eram muito amigos durante a juventude, a essência das duas linhas, embora haja diferenças técnicas evidentes, é a mesma, pois ambos foram alunos de Anko Itosu e Kanryo Higaonna, de cujos nomes tiraram o nome para os seus estilos.  Mabuni fundou o seu estilo na terra principal do Japão e conseguiu expandir para o resto do mundo.  Shiroma fundou o seu em Okinawa e ficou restrito à terra onde aprendeu, treinou e viveu.


Saudações      

[Antoine]

Sensei Troyman;

Gostaria de pedir uma informacão, que acredito possa ser útil à muitas pessoas deste Fórum;

O senhor hoje introduziu um termo  "Shinpan", que eu nunca havia ouvido falar.

Na Internet apenas encontrei "Referee" em Judo.

Para engrandecer e tornar inteligível e traduzível estes termos de um Estilo para o outro, o senhor poderia por favor postars os títulos honoríferos existentes no Shorin?

Obrigado Antecipadamente, e desculpe se desviei o assunto principal do Tópico.
Com Respeito, Oss.

Para completar, apenas, como curiosidade, hoje, é possível se tornar Karateca de Karate em cerca de três anos, ou ainda menos.. O tempo necessário para se aprender Um único golpe naqueles tempos..
Oss.

[Arivaldo]

Para mim os maiores expoentes da época eram Kentsu Yabu e Chomo Hanashiro.

Ari - Santos/SP

[Troyman]

Antoine

Pelo que eu saiba, Shinpan era apenas o nome como Gusukuma Shiroma era conhecido no Japão.  Talvez essa seja apenas uma das formas de se ler os kanjis que representam o nome Gusukuma, não tenho certeza.  Vou me informar melhor, depois posto aqui.  Títulos honoríficos (e não honoríferos) específicos do Shorin não existem.  Existem, isso sim, títulos em japonês para praticantes de Karate-Do em geral.  Por exemplo, para a graduação existem os termos:

Dangai - faixas coloridas antes da faixa preta (kyus)
Yudansha - faixas pretas (dans)
Kodanshas - faixas coral e branca e vermelha para 7o. dan acima
Shihan - 5o. dan (faixa preta com cinco listras brancas)
Renshi - 6o. dan (faixa preta com uma listra vermelha sobre uma marca branca)
Kioshi - 7o. e 8o. dans (faixa coral e branca)
Hanshi - 9o. e 10o. dans (faixa coral)


Arivaldo

Como vai, cara?  Está sumido.  Senti sua falta lá no Seminário em Praia Grande.  Me diz uma coisa, porque você acha que os maiores expoentes são Kentsu Yabu e Chomo Hanashiro?

Saudações      

[Antoine]

Obrigado Sensei Troyman.

Ao encontrar na minha pesquisa apenas o resultado "Referre" me causou estranheza e por essa razão que postei, já que árbritros muitos podem o sê-lo.

Mistérios da língua japosesa e dessa maravilha que é a Internet.

Desculpe pelos "honoríferos", confundi com sonoríferos, já que estou sempre com muito, muito sono.

Oss.