Autor Tópico: A competição é negativa ?  (Lida 7546 vezes)

Offline RENGO-KAI

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A competição é negativa ?
« Online: Maro 29, 2006, 12:34:12 »
Para se definir que competição é negativa aos propósitos do KARATEDO temos que:

1.Definir os propósitos do karateDo;
2.Definir como o karateDo pode atingir este propósitos;
3.Definir as características da competição.

Fiquem a vontade...

Offline paulokarol

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Re: A competição é negativa ?
« Resposta #1 Online: Maro 29, 2006, 14:15:52 »
Citação de: "RENGO-KAI"
Para se definir que competição é negativa aos propósitos do KARATEDO temos que:

1.Definir os propósitos do karateDo;
2.Definir como o karateDo pode atingir este propósitos;
3.Definir as características da competição.

Fiquem a vontade...


Gostaria de dar minha humilde opinião sobre o assunto:

1. Creio que o karate foi criado com o propósito da auto defesa. Habilitar pessoas desarmadas a enfrentar em um japão feudal, soldados com armaduras de madeira e espadas. Não sou nenhum estudioso, mas creio que o propósito inicial era esse.

2. No principio, se presava muito pela força, não se pensava em desvidar de um golpe e pegar o adversario de supresa, mas sim atravesa-lo com o primeiro golpe. Creio que por muito tempo se pensava assim no karate.

3. Com o passar to tempo a ideia inicial do karate perdeu o sentido, não completamente, pois ainda hoje existem situações que devemos nos defender, mas ja não precisava brigar para resolver todos os problemas. As lesões, por um karate de certo modo muito violendo se levou a estudar e criar regras onde os karatecas poderiam competir preservando sua integridade física. As competiçoes surgiram como um modo de se testar algumas sentimentos das pessoas, como medo, anciedade, auto-controle.

Resumindo, creio que a competição é muito válida, desde que não se perca a ideia de karate marcial, de auto-defesa. Pois creio que shiai e jyu se completam, onde em uma voce treina reflexos, ação e reação, precisão do golpe, auto-controle e no outro, assimilação(se é assim que se escreve) de pancada, reações a uma luta mais real. Eu mesmo por não ser atleta e não ter costume de lutar muito shiai tenho em determinados momentos dificuldades em uma luta de jyu kumite. Creio que um não pode sobresair sobre o outro, ambos tem que estar lado a lado.
]´s
Paulo Karol
Karate - Shotokan
1o Kyu - Academia Askanma - CE

Offline pmax

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A competição é negativa ?
« Resposta #2 Online: Maro 29, 2006, 16:12:34 »
Gosto muito de competições, disputo campeonatos desde os 13 anos, na minha opinião todo o praticante de Karate deve esperimentar, é bastante proveitoso sentir a adrenalina, a disputa frente a frente com outro lutador, a exposição pessoal.

Tambem deixo um alerta, o shiai não deve ser o unico e principal objetivo, a competição serve para você auto avaliar seu desenvolvimento e não a busca frenética por resultados.
Vejo muitos conhecidos que treinam apenas visando competições, se acham o máximo porque ganharam alguns campeonatos, na realidade não sabem nem executar um Gyaku zuki decente, em termos de karate não sabem nada.

Competir sim é bom, treinar apenas para competir é prejudicial e não se chega ao verdadeiro karate.

Offline masters

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A competição é negativa ?
« Resposta #3 Online: Maro 29, 2006, 21:59:58 »
concordo com o pmax....
Competir é muito legal pra vc se auto avaliar... eu gosto de competir mas nunca treino pra isso...
Meu karate é arte marcial e o que sair na competição saiu....
Treinar karate o tempo todo. Milhares de repetições. Máxima força sempre. O espírito sempre vence a técnica" Okuda Sensei
OSS

Offline Hapli-Komo-Leu

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Competição
« Resposta #4 Online: Maro 29, 2006, 22:07:01 »
OSS!
COMPETIÇÃO DE KARATE,NÃO É KARATE.
Hapli

Offline Marcio-SP

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A competição é negativa ?
« Resposta #5 Online: Maro 30, 2006, 09:21:19 »
Não vou ser repetitivo!!! Nesse assunto, penso como pmax......
Oss!!

Offline Luiz

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A competição é negativa ?
« Resposta #6 Online: Maro 30, 2006, 10:04:42 »
Competição se bem orientada não é prejudicial ao Karate.

OSS...
"Aqui se cultiva o corpo e a mente"

Offline Zkorpione

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A competição é negativa ?
« Resposta #7 Online: Maro 30, 2006, 16:32:46 »
Estou de acordo com Luiz, e também afirmo que mesmo assim o SHIAI não é o essencial do Karate, pois mesmo assim karate é ARTE MARCIAL!
Coração de Karateca não bate, faz ippon.

Offline fcsergio

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A competição é negativa ?
« Resposta #8 Online: Abril 13, 2006, 23:46:32 »
A competição é muito útil para auto avaliação do atleta e estimular o praticante, mas (na minha opinião), é nesfasta  se tornar-se o único objetivo  do mesmo, ou seja, vai se tornar um mero "tirador de pontos" lutando em situações ideais, irreais e com golpes geralmente ineficientes....
Será um desportista e não um praticante de arte marcial.
Oss!

marascas

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A competição é negativa ?
« Resposta #9 Online: Abril 14, 2006, 01:10:57 »
Ser pragmático às vezes é bom. Tem muitos Karatecas teóricos que julgam tudo por seus "achismos"...

Redundandante, eu já postei isso a algum tempo no Karateca.net. Mas como tem muita gente nova no fórum , vou repetir meus devaneios:

marascas

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A competição é negativa ?
« Resposta #10 Online: Abril 14, 2006, 01:11:21 »
No Karate esporte se adquire experiência de luta, tempo, distância, deslocamentos, defesa, ataque, deiai, sen no sen, go no sen, zanshin, etc.
Embora seja restrito ao SUN DOME (controle) e apenas a  técnicas pontuáveis, o Shiai Kumite te deixa melhor preparado fisico e mentalmente para situções reais pela convivência e experiência constante com o desafio, o medo e a auto-superação.

Olha amigos, eu tenho mais de 40 competições no currículum, muitas vezes foi campeão, também muitas vezes levei porrada e perdi. Mas a cada novo evento, a cada nova luta, meu sitema nervoso age como se fosse uma disputa pela vida! Meu subconsciente não sabe a diferença entre luta por pontos e luta real, embora a consciência me mantenha marcando pontos, para o instinto de sobrevivência, tudo é correr risco. E todo mundo é parecido quando sente medo!

 Mesmo que seja o risco de um acidente ou descontrole. Os adversários sempre parecem mais grandes, fortes e rápidos quando você ouve chamar seu nome para lutar (já tive até vontade de inventar dores na hora e desistir da luta...mas a decisão de ir lá e fazer o melhor foi mais forte!). Dai eu vou ao banheiro repetidas vezes, suo frio, etc. É adrenalina pura!!! Isso não tem como evitar, mas com a experiência é possível administrar e usar a tensão em seu benefício, transformando em garra, disposição, serenidade e determinação.

No KOTO é só você e seu adversário e você precisa enfrentar seu maior desafio sozinho, sem ajuda de seu professor, sua mamãe, papai ou amigos. É só você e seus medos contra o adversário!

Assim é na vida, nos momentos de maior tensão, quando mais precisar, vai ter que encarar a realidade de frente e resolver sues problemas! A luta, independentemente de regras esportivas/federativas ou forma de lutar é sempre luta, é sempre um grande desafio e você nunca mais é a mesma pessoa depois de cada competição.

Estou falando de algo que só quem já entrou em um Koto de verdade saberá me entender...

OSS!

André Maraschin

Neto110

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A competição é negativa ?
« Resposta #11 Online: Abril 14, 2006, 08:34:57 »
O Marascas falou bem da experiência subjetiva dele em termos de emoções e resultados obtidos.

Vou trazer para o fórum uma reflexão diferente que tem ganhado espaço dentro dos que pensam a atividade física que é a questão do incentivo á competitividade versus a cooperação.

O treino de karate é eminentemente cooperativo, tanto que a cortesia e o respeito fazem parte de nossos princípios mais básicos: preservamos nossos companheiros de treino para podermos treinar e aprimorar mais (se os matássemos ou ferissemos gravemente nunca aprimoraríamos nosso karate, ficaríamos sempre com a impressão que somos bons demais até que alguém faça o mesmo conosco).

Bem, voltando ao assunto, vou colar um texto que existe na internet sobre o assunto e citarei a fonte para resguardar os direitos autorais:

(o texto seguinte foi retirado de: http://www.edicoesgil.com.br/educador/jogoscoop.html)

"Jogos cooperativos e jogos competitivos
Um dos temas palpitantes da prática educacional, hoje em dia, é o dos jogos competitivos e cooperativos.
O aumento da conscientização da necessidade de incentivar e desenvolver o espírito de cooperação, de participação numa comunidade, vem transformando profundamente o estilo de se trabalhar em grupo. A própria capacidade cooperativa é um quesito valorizado na hora de conseguir emprego, porque as pessoas estão descobrindo que não dá para ir muito longe sozinhas. Antigamente, as grandes invenções eram atribuídas a uma pessoa. Foi assim com o telefone, com a lâmpada. Hoje, são as equipes que trabalham em conjunto, e unir-se de maneira eficiente tornou-se muitíssimo importante.
Há muito que os jogos estão presentes nas atividades educacionais, mas a maioria dos jogos tradicionais no Ocidente são competitivos.
O conceito de jogos cooperativos teve início com Terry Orlick, pesquisador canadense que, a partir de estudos iniciados nos anos 70, desenvolveu o princípio destas atividades físicas cujos elementos primordiais são: a cooperação, a aceitação, o envolvimento e a diversão.
A idéia difundiu-se e hoje diversos autores desenvolvem jogos cooperativos aplicados à educação, administração de empresas e serviços comunitários.
Orlick questionou as regras dos jogos tradicionais e adaptou-os para transformá-los em jogos cooperativos. Neles o confronto é eliminado e joga-se uns COM os outros, ao invés de uns CONTRA outros. A comunicação e a criatividade são estimuladas para se alcançar um objetivo comum.
No Brasil, Fábio Otuzi Brotto, autor do livro "Jogos Cooperativos" (Ed. Projeto Cooperação), é um dos precursores desse novo enfoque que visa, segundo ele, harmonizar o desenvolvimento da habilidade física com o desenvolvimento das potencialidades pessoais e coletivas dos alunos.
Nos jogos cooperativos existe cooperação, que significa agir em conjunto para superar um desafio ou alcançar uma meta, enquanto que nos jogos competitivos, cada pessoa ou time tenta atingir um objetivo melhor do que o outro. Ex.: marcar gols, cumprir um percurso em menor tempo, etc.
O quadro abaixo nos dá uma idéia das principais características dos dois tipos de jogos.

JOGOS COOPERATIVOS--------------JOGOS COMPETITIVOS   
Visão de que "tem para todos"-------Visão de que "só tem para uns"   
Objetivos comuns----------------------Objetivos exclusivos   
Ganhar COM o outro-------------------Ganhar DO outro   
Jogar COM------------------------------Jogar CONTRA   
Descontração---------------------------Tensão   
A vitória é compartilhada--------------A vitória é somente para alguns

As atividades que privilegiam os aspectos cooperativos são importantes por contribuírem para o desenvolvimento do sentido de pertencer a um grupo, para a formação de pessoas conscientes de sua responsabilidade social, pois trabalham respeito, fraternidade e solidariedade de forma lúdica e altamente compensatória, levando a perceber a interdependência entre todas as criaturas. Nelas, ninguém perde, ninguém é isolado ou rejeitado porque falhou. Quando há cooperação todos ganham, baseados num sistema de ajuda mútua.
Os jogos competitivos, por sua vez, também têm seu papel educacional, quando nos ensinam a lidar com a competitividade existente dentro de nós. Compreender a competição e as emoções relacionadas a ela num ambiente assistido, no espaço da aprendizagem, é uma oportunidade para que as crianças passem a lidar com a realidade do mundo competitivo de maneira mais serena e equilibrada. Afinal, a competição pode gerar diversos conflitos e emoções desagradáveis. Pode levar à comparação, frustração, ao sentimento de vitória ou de derrota, à exclusão, e as situações de aula, quando bem encaminhadas, podem contribuir para ajustar a percepção destes momentos à sua verdadeira dimensão íntima, visando o equilíbrio. No ambiente competitivo bem administrado também estão presentes a necessidade do respeito, a superação de limites e a amizade.
Apêndice: Sobre a competição
(Extraído do livro "O Tao da Educação: A filosofia oriental na escola ocidental", de Luzia Mara Silva Lima, Ed. Ágora.)
Quando saudável, a competição pode permitir que uma pessoa chegue a um desempenho que dificilmente conseguiria alcançar sem a contraposição de outra. Segundo Schutz, a competição é prejudicial quando há a tentativa de trapacear, quando há um gasto excessivo de energia para ganhar ou, ainda, quando representa a diminuição do adversário. Do contrário, ela pode ser altamente positiva, preparando a pessoa inclusive para a competitividade da própria vida, às vezes expressa pela chamada "seleção natural". Assim, a presença do outro em situações de comparação e disputa pode levar a um significativo aprimoramento cognitivo, afetivo, motor e social*:
A presença de um parceiro do outro lado da quadra convoca-me a ser veloz, coordenado, resistente e estratégico, o que já não acontece se me confronto com uma parede. (...) Ocasionalmente, o jogo vai além da mera competição. O jogo adquire uma qualidade que transcende o nível do ganhar ou perder. Essa é uma experiência muito próxima da mística. A excitação do jogo, o clima psicológico, o drama, a luta, as grandes realizações dos contendores transformam a experiência num momento espiritual.
*Schutz, Will. Profunda simplicidade: uma nova consciência do eu interior, Ed. Ágora."


A leitura demonstra para todos que uma academia pode perpetuar-se dentro da filosofia cooperativa. Vou indicar para leitura um texto de um periódico que está disponível na net (mas não vou colar aqui... os colegas vão ter que ir lá ler)

Os Jogos Cooperativos e a Construção de Valores Positivos para nossa Sociedade
por Mônica Teixeira e Luciano Lannes
extraído da seção "Entendendo os Jogos" da edição 2 do ano II  da Revista Jogos Cooperativos.


consulte este texto em:

http://www.jogoscooperativos.com.br/entendendo_os_jogos.htm#Valores

Depois disto, vamos conversar de novo.

Offline RicardoCosta

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A competição é negativa ?
« Resposta #12 Online: Abril 14, 2006, 11:30:09 »
Competição de karatê não prova nada sobre seu karatê.  Discordo dos que aqui postaram que o shiai kumite te dá condições psicológicas para encarar uma luta real. Luta real não tem regra. A maneira que a JKA pontua as competições pode dar um pouco mais dessa sensação de realidade. Mas como diz um amigo meu, karatê se define por doi ou três gospes no máximo, um fica de pé o outro cai. Se passar disso, pode podir licença e ir para casa. Se karatê foi ineficiente, virou pancadaria, boxe. Karatê tem foco, foco é um, dois, três golpes no máximo e fim... Em tempo, não sou contra competições no karatê, sou contra essa idéia de que competição determine alguma realidade em seu karatê.
Oss.
Ricardo Costa
Máxima força, sempre!

Offline Arivaldo

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A competição é negativa ?
« Resposta #13 Online: Abril 15, 2006, 08:24:49 »
Concordo com o Ricardo quando diz:

"Competição de karatê não prova nada sobre seu karatê. Discordo dos que aqui postaram que o shiai kumite te dá condições psicológicas para encarar uma luta real. Luta real não tem regra. "

Eu já passei por uma situação real e meus 33 (trinta e três) anos de karate treinando jyu kumite e shiai não me ajudarão em nada.
A pessoa que tentei socorrer morreu na minha frente e eu quase fui pro saco.............e ainda hoje quando durmo ainda vejo a cara do infeliz.

Neto110

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A competição é negativa ?
« Resposta #14 Online: Abril 15, 2006, 08:32:06 »
O karate desenvolve as qualidades necessárias para enfrentar uma situação real, mas ele não proporciona situações reais, mesmo porque uma situação real, com já foi dito, é o caos (não tem regras), por isto insisto na minha tese, que o trablho da academia e do treino deve ser feito dentro de uma filosofia cooperativa.