Tópico: Alunos Novos... Como Tratar?

[Yano]

Amigos,

nessa semana na academia, nos deparamos com uma situação muito interessante:

- Como tratar os alunos novos?

Temos por hábito, dar uma aula grátis para que os iniciantes conheçam o que irão praticar. Mas isso, gera um problema. Nessa aula grátis, o Sensei se esforça ao máximo para dar aquela $%&! aula, cheia de detalhes desconhecidos, informações novas, demonstrações... direcionando a aula toda, para aquele sujeito que está começando.

Muitas vezes... muitas mesmo, acontece da pessoa ir embora, e nunca mais voltar.

E é aí que eu questiono: será que essa atitude de querer conquistar o aluno dando uma aula praticamente particular está correta? Será que não seria melhor dar uma aula normal, como se nada estivesse acontecendo, e deixar que o novato se encaixe no esquema? Ou ainda, será que não é melhor lotar o cara de pancada, e deixar ele decidir se quer voltar ou não?

Parece absurdo, mas o arrependimento que dá qdo um aluno não volta mais na academia depois de ter feito uma aula, é exatamente esse. A gente pensa... "putz, se eu soubesse que o cara não iria voltar, tinha lhe dado um belo dum MaeGeri".

Opinem, por favor!

Abraços.

[katsumoto]

Caro Yano,

 Quando o aluno pedir para fazer uma aula para ver se vai gostar deve-se dizer para ele que Dojo não é Sorveteria, com certesa ele não vai gostarda aula pois vai sofrer muito, vai sentir muita dor, e ainda por cima o que é pior, terá que pagar por tudo isso....
Então a melhor opção seria deixa-lo ässistir"a aula sentadinho na cadeira e deixa-lo decidir por si mesmo se vai ou não começar a pratica.
O Plano B é cobrau a aula avulsa, assim, se ele não voltar mais pelo menos vc não trabalhou de graça.....

[marascas]

Amigos,
Essa questão sempre foi um dilema para mim. Já perdi muitos alunos por culpa da "primeira aula". �s vezes fazemos promoções no clube e damos o mes todo grátis. Mas uma só aula, eu não aceito mais que alguém faça. Insisto que ele deva se matricular no mês integral. Só assim terá uma visão ampla do que é o Karate.
Sobre ensinar muito no primeiro dia, eu cometo esse pecado às vezes...
Acabo assustando o sujeito querendo mostrar coisas que nem sei se ele está interessado. Certa vez, preguei um sermão sobre Budô e Filosofia oriental em um sujeito que nunca mais voltou... Mas é errando que se aprende! Hoje tento entender mais o que o aluno busca e deixar que se habitue na aula junto com os demais. O que vai trazê-lo de volta nem sempre é o professor, mas podem ser os colegas se ele se sentir bem acolhido. A amizade é algo impressionante! �s vezes se o treino é muito avançado, peço a um aluno graduado para treinar o novato nas técnicas básicas... e se o novato encontrar mais colegas e conversar sobre o karate, ele mesmo se convence que vai voltar (ou não).
Mas tem os gente que realmente parece que não nasceu para treinar Karate. Esses eu prefiro que sumam mesmo e encontrem algo de que realmente se sintam bem praticando.

[Neto110]

Aqui até deixo fazer uma aula, mas deixo claro que o melhor seria assistir a aula para ver se é aquilo mesmo que a pessoa quer, e se for criança a orientação é que os pais assistam a aula apra ver se é aquilo que querem para seus filhos porque, adianto sempre, desânimo em crianças é a regra e alguém vai ter que empurrar,se não vejo ânimo, faço meu melhor mas não corrompo os princípios do karate a propósito de segurar alguém que não gosta daquilo que eu gosto.

[Luiz]

Senhores...

Eu como a maioria de vocês ja fiz muitos cursos, sendo eles na área de karate ou em áreas específicas do trabalho de cada um. Mas porque estou mudando o assunto do tópico? Na verdade não estou e vou explicar melhor.
Me refiro aos cursos não de um dia mas os com duração de dois ou mais, uma semana ou até mais, o que acontece no primeiro dia que chegamos?
Somos o aluno novo que procura nossa academia, cheio de espectativas e na ansia de aprender algo novo.
Acontece que, se no primeiro dia nos descarregam uma infinidade de informações possivelmente muito de nós desistiriamos e não voltariamos para continuar. Se pelo contrario o curso é muito fraco pode ser que também iríamos desistir achando que não teríamos nada a aprender ali.
Uma vez fiz um curso dos cinco S referente a qualidade total e no primeiro dia o instrutor gastou tudo que tinha, ou seja nos deixou numa expectativa muito grande que aquele seria o melhor curso que ja tinhamos feito, qual nao foi nossa decepçao o quanto decaiu do segundo dia pra frente.
Num curso de Qualidade Total em Academias com o Prof. Armando Marsariolli em Campinas ele disse uma frase que nunca mais esqueço "O aluno no final da sua aula tem que ficar com vontade de quero mais" ou seja, não pode estar totalmente exausto e sim sair da academia não vendo a hora de voltar de novo.

Acho esse ser o melhor caminho, nos colocarmos no lugar do aluno novato e julgarmos o que gostaríamos de ter em nossa primeira aula.

Oss...

Luiz

[kaleo]

Achei muito interessante e pertinente essa discussão.

Quando o aluno não volta mais, fico me perguntando o que foi que ele não gostou.... daí o maegeri merecido no sujeito (de acordo com o Yano) acaba por me acertando na boca do estômago.

Acho que a postura que devemos tomar seja a que o Luiz mencionou.
Devemos nos colocar no lugar do novato, e julgar o que gostaríamos de ter na primeira aula. Mas devemos considerar também que as motivações são diferentes. O novato não tem critério de comparação. Na verdade tem... mas não pela qualidade do ensino.

Eu me lembro quando comecei a lutar. Meu pai foi comigo, e o professor nos explicou o que é o karatê... seus benefícios, a formação que oferece... e assistimos à uma aula. Acontece que eu estava tão motivado a praticar karatê, que qualquer coisa que eu enfrentasse na primeira aula, eu teria continuado. A minha sorte é que caí num bom lugar, com bom professor e alunos.

Talvez deva ser assim. Uma boa conversa, e permitir assistir à uma aula. Treinos especiais podem criar expectativas falsas.

Abração

[marascas]

A primeira vez que fui assistir o karate:

Era uma academia de fundo de quintal, com paredes de madeira rudimentar e piso horrível de cimento raspado. Mas nem por isso a qualidade do karate de lá era ruim.
 Cheguei eu nos meus 12 anos de curiosidade e quando percebi que estavam lutando, devia ser final da aula. Quando cheguei na porta a parede simplesmente caiu com o sujeito que caia de costas ao chão e rolava do lado de fora do Dojô. O professor estava lutando com ele...

Eu virei as costas e sumi por uma semana! Mas como era a única academia nas redondesas e eu queria muito praticar uma Arte Marcial, acabei voltanto e por lá fiquei por mais 10 anos.

[Yano]

Pessoal,

isso que vcs estão falando, de dar ao aluno aquilo que vc gostaria de ganhar em sua primeira aula, tb é bastante relativo.

E eu falo isso por experiência própria. Na minha PRIMEIRA aula de karate, o Sensei me pôs para lutar contra um policial de 95Kg... forte pra caramba. Resultado: MawashiGeri na boca, lábios cortados durante uma semana. Bronca em casa da mãe, do pai...

Mas... ao contrário da maioria, era exatamente aquilo que eu queria. Daquele dia em diante, não faltei um dia sequer das aulas...

Será que eu posso então me basear em mim mesmo para dar aulas aos novatos? Acho que não...

Pensem a respeito.

[marascas]

Esse lance de "gostinho de quero mais" seria tipo as novelas que iniciam uma cena chocate e a acabam para você ter desejo de assisir amanhã?
Ou seria um professor tão entusiasmado com o que ensina que você fica contagiado?
Ou quer aprender a se defender da gangue que quer te pegar na saída da escola?
Ou seria colegas bonitas?
Ou seria treianar mais para se cobrar do soco do colega mau?
Ou seria treinar mais para passar de faixa?
Ou para ganhar (ou não apanhar) na competição?
Ou porque seu pai quer que você vá?
Ou porque você quer emagrecer?
É a saúde né?
Ou é masoquista mesmo?
Ou gosta só de lutar?
Ou gosta de qualquer coisa?
Ou não tem mais nada para fazer então vai no Karatê?
Ou você se apaixonou de verdade pelo Karate e treiná-lo já é parte da sua vida. Deixar de praticá-lo seria o mesmo que perder um braço ou uma perna. Você simplesmente já se esqueceu porque treina e já não sabe onde começa o Karate e onde termina você...

[katsumoto]

O problema maior é quando a mãe quer insistir com aquele filho "meio retardado"que não sente vontadede aprender nada, ela quer mesmo é deixar o filho em "qualquer lugar"para se ver livre dele por algum tempo e põe o coiitado numa Academia.
Aí acho que o certo é chamar a mãe e dizer a ela que a APAE fica no outro Bairro,mas que vc acha que lá ainda não ensinam Karatê.
Se ela achar ruim e acusar vc de estar discriminando o filho dela, vc pode dizer a ela que vc está recomendando a APAE para ela mesma e não para o filho conforme ela pensava.
Sómente a mãe conhece o filho, se o cidadão é mole por natureza,não seria o Karate que iria modifica-lo.É claro que existem as excessões,mas ai deve-se cobrar muito caro pelas dores de cabeça que um Cabeçadura desses poderá trazer para vc.Tipo assim: Mensalidade normal=100reais
                          Mensalidade p/ desabilitados: 1000 reais,

[alexandre]

Oss.

Isto é o que acredito:

Em qualquer lugar que vamos pela primeira vez o que nos cativa é a receptividade das pessoas.

No caso de aulas de artes marciais acho que deixar o aluno ou pai do aluno ver uma aula ou duas com alguém explicando o que está acontecendo, ajudaria a se decidir sobre o que fazer.

Quem sabe um aluno mais graduado que poderia dar essa atenção nesse dia, e ao final da aula o professor se colocasse a disposição do interessado para responder as pergundas que ainda tenha e tirar as dúvidas sobre o que é a arte, dias de treino, rotinas de um modo geral?

Como ainda não ensino, posso estar equivocado...

Mas com certeza a receptividade, o acolhimento que recebemos é fundamental para o nosso retorno!

Oss.

[Luiz]

Alexandre...

Pode ter certeza que sua opinião é muito importante e inteligente, e parabéns por postar pois sei de muitos que, em virtude do alto nível que tomou nosso fórum não tem essa coragem.

Oss...

Luiz

[Luiz]

Completando o raciocínio acima...

Não concordo com essas pessoas pois nosso fórum é aberto a discussões e estamos prontos para ouvir.

Oss...

Luiz

[Jefferson]

Boas!

Concordo com todos em parte.
O cartão de visitas é o atendimento, com certeza. Ser receptivo e estar preparado para sanar as dúvidas de quem chega na academia para obter informação. Não é necessário sair da aula, se a mesma estiver em andamento para ficar respondendo as perguntas, mas recebê-lo e orientar a aguardar até o término da aula para que a conversa possa ser mais proveitosa.
Sou contra também a o iniciante fazer uma aula grátis, a não ser se a pessoa que chega em sua academia já tenha treinado e por algum motivo está mudando de academia, aí é diferente.

POr isso uma boa conversa é essencial, faz a aula junto com a turma e aos pucos vai se adaptando.
Valeu!

[kaleo]

Yano..

Eu nunca colocaria um aluno, em seu primeiro dia de treino, para lutar.

Mas eu entendo o que vc quis dizer. Quer dizer que, como muitos pensam como eu, não aceitaria tomar um na cara no primeiro dia... daí não dá pra vc fazer uma primeira aula baseando nos seus gostos, acreditando que vá agradar o aluno.

Bem... eu também acredito em outra coisa. Acredito que deva ter uma explicação verbal sim, como disse anteriormente, e para a aula, devemos fazê-la normalmente. Afinal, esta será a aula que este aluno terá. Se este aluno desistir do karatê devido esta aula normal, é porque não era pra ele fazer mesmo. Houve aí um filtro natural. Se karatê fosse coisa fácil, todo mundo fazia e era faixa preta. Karatê é coisa séria, e quem quer evoluir tem que se sujeitar às pedras do "DÔ".

É isso aí.

Abração.