Autor Tópico: Karate inclusão Social  (Lida 2732 vezes)

Offline yama

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Karate inclusão Social
« Online: Junho 14, 2007, 03:40:56 »
Oss

Sensei Lezon o Sr. disse ter referências sobre karate inclusão para todos,o Sr.poderia nos trazer mais informações sobre a matéria.

Temos informações que Asai Sensei tinha grande paixão por esta inclusão tendo criado Katas especificos para cadeirantes,nunca vimos.

O Tiozinho me mandou outro dia um trabalho feito na Venezuela com alunos com Sindrome de Dow,maravilhoso.

O Samurai me fala sobre esta aluno Kyokoshin.

Eu Já tive alunos com deficiências e agora tenho um deficiente visual que pratica outras modalidades também: Surfe-Judo-Capoeira.

Este é um assunto que me chama muito a atenção o Sr. poderia esclarecer mais.

Oss
alberto/Santos.
yama-Alberto S. Almeida

Lezon

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #1 Online: Junho 14, 2007, 18:05:30 »
Caro Yama,

O que eu disse é que depois de ter visto uma demonstração efectuada por paraplégico, fiquei maravilhado e fiquei verdadeiramente entusiasmado e fascinado pela possibilidade de poder fazer algo para com aqueles que não se podem mover pelos seus próprios meios e ainda por todos os cidadãos problemáticos, tais como portadores do sindroma de Down, invisuais, etc.

Como eu disse, foi em 1999 que assisti em Tóquio a essa demonstração, aquando do campeonato do mundo da JKF Wado-Kai. O referido Karateca tinha na época a graduação de 4º.Dan e deu provas da sua verdadeira valia, dando uma verdadeira lição  movimentando os seus braços com uma rapidez incrível e suas mãos eram precisas e autênticas tenazes!

Ele foi retratado em banda desenhada num jornal  revista da JKF Wado-Kai como um exemplo para todos e que eu tenho orgulhosamente em meu poder.

Posto isto, quero no entanto dizer que eu não fiquei parado, pois estou projectando e desenvolvendo método e técnicas dentro do meu estilo de Karate, vocacionado a indivíduos locomovidos por cadeiras de rodas, bem como e especificamente para portadores do sindroma de Down.

Para os primeiros não há grandes problemas para o ensino, já para os segundos há que ter vários aspectos em consideração. Não nos devemos esquecer que estes são indivíduos que   revelam hiperactividade, violência, resistências ambientais e outros comportamentos fora do social normal e ainda retardamento mental.

Portanto, tudo isto deve ser tomado em consideração quando nos depararmos perante alguém nestas condições. Os adolescentes e adultos com este problema, precisam de ser estimulados para que a sua auto estima melhore, a sua formação de identidade, o seu desenvolvimento interpessoal, o seu controle emocional e comportamental.

Há pois que ocupar estas pessoas com treinos sociais, actividades recreativas e desportivas, em que o Karate pode também ter um papel importantíssimo  no desenvolvimento da auto estima, do auto controle, da disciplina, do respeito, tornando-os mais compreensivos e sociais.
           
Caro Yama, penso que todos nós temos a obrigação de dar um pouco do que sabemos para esta gente que apenas são diferentes, como é diferente um negro de um branco, mas que todos somos humanos.

Desculpem todos por utilizar o meu português de Portugal, mas é que ainda não estou habituado. Penso que vcs o entendem perfeitamente.

Saudações.Hai!!!
José Lezon     

Offline yama

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #2 Online: Junho 15, 2007, 00:43:23 »
Oss Sensei Lezon

Vou ficar no aguardo de seus projetos.

Por acaso voltando ao que disse antes,o Sr. não teria informações dos katas de Asai Sensei.

Oss
alberto/Santos.
yama-Alberto S. Almeida

Lezon

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #3 Online: Junho 15, 2007, 10:50:12 »
Meu caro Yama,

Sinceramente lhe digo que nunca tive conhecimento de que o Sensie Asai estivesse preparando Katas destinados a "cadeirantes", pelo que não posso e nem devo fazer qualquer tipo de comentário a esse respeito.

Sinceramente lhe digo também que pessoas como nós que andamos praticando esta nossa arte há muitos anos, e mais concretamente aqueles que se sentem motivados a realizar um trabalho específico para eles, não será dificil planear e esquematizar um tipo de trabalho adequado à sua situação motora.

Neste momento, só encontro um "perrenque" como vcs dizem, e que me faz pensar que é o problema da movimentação da cadeira que acompanhe determinadas execuções técnicas, porque sem ela, algumas técnicas serão esvaziadas e inúteis.
No entanto, elas poderão ser elaboradas e aplicadas na prática em situação estática, mas obrigará o aluno a um maior esforço.

Quanto aos portadores do sindroma de down, o caso muda completamente de figura, já que para por em prática qualquer projeto para estas pessoas, há que também contar com o tipo de instrutor que devemos contar para ministração das aulas, uma vez que é fundamental ter-se em conta a sua sensibilidade, a sua paciência, o seu respeito e carinho, e que saiba avaliar a evolução comportamental do aluno.

Portanto meu caro amigo Yama, um homem só pode projetar muitas coisas, mas para uma situação específica como esta, que é de uma imensa responsabilidade, há que pensar em todo um staf técnico que o consiga por verdadeiramente em prática.

Meu caro, acredite que eu vou pensando e trabalhando nesse projeto, mas também gostaria de ser acompanhado por mais pessoas que estejam interessadas,
tornando-o abrangente e não de uma pessoa. Temos este meio à disposição e outros ainda para irmos trocando ideias e formas, e o projecto aparecerá com toda a certeza, e será pois um projecto GLOBAL.

Abraço. Hai!!
José Lezon

Offline yama

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #4 Online: Junho 16, 2007, 02:59:51 »
Oss Lezon Sensei

Em entrevista traduzida por Fernando Simões Sensei/Rio de Janeiro,ele destaca:

"""No ano 2000 Sensei criou a organização não lucrativa Karate Shoto-renmei no Japão, como uma maneira a mais para o desenvolvimento do Karate. Seu foco está no desenvolvimento do espírito e não apenas no desenvolvimento da técnica. Acredita fortemente em desenvolver o espírito como uma maneira de levar a bondade e o respeito às pessoas. Mais tarde criou o Karate em cadeiras de rodas como método para introduzir o Karate a todos as pessoas, não importando as deficiências que possam ter. Ele acredita que com este serviço comunitário, o espírito de desenvolvimento será o mesmo para todos e não somente para os mais aptos fisicamente."""

Entrevista excelente,completa no tópico de personalidades.

Obrigado por sua paciência com este kohai.

Se por acaso o sr. tiver mais alguma informação sobre o assunto por favor repasse.

Oss
alberto/Santos.

yama-Alberto S. Almeida

Neto110

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #5 Online: Junho 16, 2007, 11:26:29 »
Bem, além de karateka, sou psiquiatra e nõa posso deixar de apontar um equívoco nesta fala:

Citar
Não nos devemos esquecer que estes são indivíduos que   revelam hiperactividade, violência, resistências ambientais e outros comportamentos fora do social normal e ainda retardamento mental.

De modo algum transtornos mentais são associados com mais violência que os ditos "normais". Está provado que se estes indivíduos ferem alguém eles ferem a si mesmos e as situações descritas omco violência não são contadas direito: é "esquecida" a cadeia de eventos que levou à agressão por parte do dito doente, ou seja: a provocação é convenienetemente esquecida e o ato violento ganha as manchetes.

Infelizmente, a mídia é péssima informante: porque será que eu gosto de chamá-la de indúrtria da informação? Possivelmente porque o compromisso dela é com o lucro e não com a verdade dos fatos. Aí se entende porque ela só publica só sensacionalismo barato de quinta.

Não desmerece ninguém ter conceitos midiáticos mas é importante refletirmos quando alguém aponta um novo rumo para as coisas.

Sobre o retardamento mental, o Bush tem um QI limítrofe (todos fazem estes testes sem sentido nos Estados Unidos quando na escola e, infelizmente para ele os testes dele se tornaram públicos) e chegou aonde chegou.

Retardo é sinônimo de atraso: o indivíduo portador de retardo mental tem um desenvolvimento mental mais lento, só isto. A maioria deles (95%) não são identificáveis fcilmente porque existem tantas situações e posições na sociedade que ele ficam bem adaptados; os outros 5% vão exigir mais cuidados para conseguir ter uma vida autÔnoma, e, infelizmente, em nossa sociedade (um modelo altamente competitivo e estressante) alguns nunca terão autonomia e sempre serão vistos como menos que os outros, o que é um crime contra a cidadania.

Quero destacar ainda que, dentro do retardo mental (o termo médico é este mesmo)  um indivíduo pode ter limitações em matemática e ser um gênio em artes ou língua portuguesa ou ainda ser genial em cultura corporal, que é a inteligência usada pela nossa prática.

O karate pode ser usado como ferramenta de inclusão enquanto cultura corporal sim. Não pode estar inserido no contexto de esporte de performance porque a competição espelha uma filosofia oposta à inclusão.

Pretender incluir as pessoas numa lógica competitiva naõ é incluir é empurrar uma ideologia fracassada que só favorece um pequeno grupo.

Lezon

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Re: Karate inclusão Social
« Resposta #6 Online: Junho 16, 2007, 13:00:17 »
Caríssimo Augusto,

Ainda bem que trouxe mais uma achega a este debate, sendo certo que nesta área o eu nada sou em relação a si.  Sou apenas alguém que gosta de ir estando informado, e, de facto, o Augusto apontou algo de veracidade existente na sociedade em relação a esta tipo de pessoas, e vou mais longe, até é negligenciado pela própria classe médica.

Meu caro, melhor do que ninguém sabe que estas pessoas são muito sensíveis, pelo que eles se sentindo realmente diferentes refugiam-se em si próprios com o seu auto isolamento dos demais. Infelizmente, como se já não bastasse, são incompreendidos e muitas vezes margializados, o que vai gerando dentro deles ainda mais revolta. O retardo mental não é na realidade sinónimo de incapacidade, pois como o Augusto disse e bem, o individuo pode ter limitações a matemática mas ser um génio em outras artes e /ou actividades.

Bom, o que é realmente necessário é que a sociedade olhe para estas pessoas com outros olhos, com mais humanidade e se consciencializem que são pessoas com os mesmos direitos que eles.

José Lezon