Caro Bodhi,
O que eu posso te escrever sem ferir os sentimentos alheios? Quase nada. Confesso. Nessa final entre os dois melhores representantes do Brasil do Karatê Tradicional, assisti a uma luta que termina quando o primeiro golpe que dá inÃcio ao que seria um combate é dado, assim como termina como a primeira menção aos lutadores estarem muito próximos é detectada.
Resumindo: é um combate de esgrima.
Kizame ou maegueri. Dois golpes que só iniciam alguma coisa. Que são "o começo" de um ataque ao adversário. Definir "o vitorioso" por isso? Pelo amor de Deus! Não consigo mais ver isso. É chato. O público acha chato. O mundo acha chato. Tudo em nome de uma suposta tradição, "tradicional" o suficiente para promover alguém ao 10o dan ainda em vida. Tudo em nome de uma tradição onde rola um barraco de arbitragem, com cidadão jogando livro de arbitragem e tudo em nome do "Budô".
Os dois lutadores são bons? Mesmo que não os conheça, uso de minha modesta intuição para afirmar que ambos são guerreiros com altÃssimo potencial.
Qual o problema de se colocar um jyu-kumite, a nocaute, pra acabar com esse blá blá blá de arbitragem?
Asseguro a você: qualquer torneio mata-mata 10 contra 10, lotaria qualquer estádio de futebol, com entrada paga. Sem a menor sombra de dúvida, o jyu-kumite do karatê, com projeções, sem sundome, com vitória por nocaute ou por desistência, seria provavelmente uma das mais belas lutas a serem vistas.
Pra fechar: gostei muito mais da luta do Pinto. Os de-ashi-barai que ele usou mudaram completamente o prisma que vemos uma luta em pé. Aquilo é o princÃpio de um massacre. Basta, pra ele ir pra casa feliz. Perder por falta... ah... fala sério. Gostei demais do sangue nordestino ali, botando japa no chão duas vezes.
E venha pra Curitiba, meu querido. Diversão garantida. Convença o Luciano.
[]´s
Big com vinho Tempus, reservado, chileno, uvas selecionadas.