NOÇÕES TÉCNICAS QUE DEVEM FAZER
PARTE DO CONHECIMENTO DO
PROFESSOR (INSTRUTOR)
1. Para se atingir os objetivos definidos pelo Mestre Funakoshi é necessário a busca do ”KIME”, principal objetivo técnico no Karatê Shotokan. A busca do ”KIME” proporcionará uma série de benefícios para a formação integral do praticante. Um exemplo é a capacidade de se adquirir o auto controle.
0 ”KIME” é obtido através da contração muscular correta e do uso total do corpo, com a fixação no ângulo das articulações.
2. Para construir uma arma com o uso das pernas (pés) e dos braços (mãos), é importante dominar corretamente o ângulo de flexão ou extensão das articulações, com forte contração ou fixação dos punhos ou dos tornozelos.
3. A técnica do ”KIME” em diversas posições (zenkutsu dachi, kokutsu dachi etc) apresenta pontos em comum:
3.1. Toda a área plantar do pé deve estar fixa no solo.
3.2. Na flexão do joelho a sua direção deve ser a mesma dos pés; o joelho e a extremidade do pé (dedo halux, ”dedão”) devem estar alinhados em uma projeção vertical.
3.3. A região do ”Tanden” (centro de gra- vidade do corpo) nas posições básicas (zenkutsu dachi, kotsutsu dachi, kiba dachi etc), em relação ao solo, são todas iguais.
3.4. Todas as posições são aperfeiçoadas , conforme o movimento de flexão e a fixação do joelho e do tornozelo do pé.
3.5. Para todas as posições de base (zenkutsu dachi, kokutsu dachi, kiba dachi etc) o bom controle da mudança do centro de gravidade depende do uso adequado da área da base de apoio e da distância entre o centro de gravidade e a área.
3.6. 0 plano horizontal do quadril deve ser mantido paralelo ao solo.
3.7. 0 tronco deve ser mantido na postura vertical em relação ao quadril.
4. Como explicar o golpe gyakuzuki em zenkutsu dachi:
4.1. Dominar a base zenkutsu dachi correta-mente.
4.1.1. Medir corretamente a base e a distância entre pés (frente e atrás, direita e esquerda).
4.1.2. Em zenkutsu dachi, a borda externa (sokuto, ”espada”) do pé dianteiro deve estar posicionado em linha reta e a direção dos pés levemente para dentro.
4.1.3. A direção do pé da perna de trás deve ser para frente, conforme a capacidade máxima de cada um, forçando a articulação do tornozelo.
4.1.4. Toda a região plantar do pé deve estar fixa no solo.
4.1.5. Na flexão do joelho a sua direção deve ser a mesma dos pés; o joelho e a extremidade do pé (dedo halux, ”dedão”) devem estar alinhados em uma projeção vertical.
4.1.6. A perna de trás deve executar o movimento de máxima extensão do joelho e do quadril, com rotação da musculatura da coxa.
4.1.7. 0 tronco é mantido na posição vertical e o quadril realiza a rotação, sendo mantida a sua altura em relação ao solo.
4.1.8. Dominar a posição de hanmi (1/2 rotação lateral do quadril) e de shomem (posição frontal do quadril).
4.1.9. Dominar corretamente o timing de contração e relaxamento dos músculos dos membros inferiores e do quadril.
4.2. 0 golpe tyudan deve ser executado corretamente. 0 tronco é direcionado para frente e os dois braços são estendidos em forma de tsuki na direção do sui guetsu (plexo solar). Na finalização do golpe há contração dos músculos do trapézio, porém os ombros não devem estar contraídos. A convergência da extensão do braço é o alvo tyudan.
4.3. A posição inicial do golpe gyakuzuki é com um braço estendido à frente, palma da mão aberta pronada (para baixo), quadril em posição hanmi e a mão que irá aplicar o golpe é posicionada na altura da faixa, com o antebraço em torção, formando um ângulo reto em relação ao posicionamento do quadril.
4.4. Em seguida, a mão que estava aberta fecha-se simultaneamente ao movimento de rotação externa do antebraço, exe-cutando-se o hikite (puxada da mão até a cintura, com a palma virada para cima).
4.5. Durante o golpe, realiza-se o movimento de rotação horizontal do quadril e do tronco em direção à frente.
4.6. A perna de apoio (de trás) auxilia na impulsão horizontal, através da força de reação ao solo da região plantar do pé.
4.7. Fechar corretamente a mão do hikite, ajustando a rotação horizontal do quadril e socar na altura tyudan.
4.8. Coordenar os movimentos descritos e 4.4, 4.5, 4.6 e 4.7. 0 ”KIME” será a contração rápida de todos os músculos na finalização do golpe, direcionando a potência em um ponto, a região tyudan.
4.9. As contrações musculares devem ocorrer em conjunto com a respiração.
4.10. Aos poucos, retornar à posição inicial (“Yooi ”).
5. Mae gueri com zenkutsu dachi (chute com a perna de trás):
5.1. Em zenkutsu dachi, preparar a perna de apoio, posicionando o joelho e a ponta do pé da frente na mesma direção. 0 tronco deve estar voltado para frente, relaxado. Os ombros e braços também devem estar relaxados.
5.2. Impulsionar o solo com a região plantar do pé da perna de chute, transferindo o centro de gravidade do corpo (desloca-mento do quadril à frente) para a perna de apoio, cujo joelho e tornozelo estão bem flexionados.
5.3. 0 joelho da perna de chute é elevado na direção do alvo e o calcanhar da perna de apoio deve estar em contato com o solo. 0 músculo abdominal é mantido contraído. Aproximar o peso da perna ao quadril.
5.4. Contrair a região koshi do pé, flexionando ao máximo os dedos e flexionar o tornozelo da perna de chute.
5.5. Estender o joelho da perna de chute e chutar com a região koshi do pé (dedos do pé flexionados) e recolher a perna na mesma trajetória, com o calcanhar próximo da perna de apoio, mantendo a contração abdominal e o quadril para frente.
5.6. Durante a execução do chute, concen-trar-se na região koshi e na recolhida (hikiashi) concentrar-se no calcanhar (concentração de 30% no chute e 70% na recolhida).
5.7. Utilizar a força de ”balanço” do quadril.
5.8. É muito importante o domínio do equilíbrio da perna de apoio. A região plantar do pé deve estar totalmente apoiada no solo, estabilizar o joelho e manter a direção do mesmo e do pé da perna de chute e, não balançar o tronco.
5.9. Após a finalização do chute, retornar o joelho recolhido à posição inicial e voltar à posição de “yooi”.
6. Técnicas de defesas básicas:
6.1. A direção do movimento de defesa contra o golpe tsuki jodan é de baixo para cima.
6.2. A defesa contra o golpe tsuki tyudan é realizada de dentro para fora ou de fora para dentro, em movimento de trajetória circular.
6.3. A defesa contra o golpe tsuki guedan ou gueri guedan é realizada na diagonal da linha do corpo, aplicando como uma cortada.
6.4. A defesa para o ataque em linha descreve a trajetória semicircular.
6.5. A velocidade da defesa deve ser ajustada com a velocidade do atacante. A defesa é aplicada como uma pancada, utilizando-se o antebraço em rotação.
6.6. Ao final da defesa o cotovelo deve estar posicionado na linha lateral do abdômen.
6.7. A defesa dos ataques na altura tyudan ou guedan é finalizada com o cotovelo posicionado na região do abdômen, em uma distância relativa ao corpo de um punho a um punho e meio (com kime).
6.8. Nas defesas realizadas com o cotovelo flexionado, o ângulo de flexão é de aproximadamente 90º.
6.9. A região do antebraço utilizada nas defesas é o punho, que no momento da defesa estará em contato com o punho ou o tornozelo do atacante.
6.10. Nos movimentos de defesa, aproveitar a rotação do quadril e o hikite.
6.1 1. As defesas também são executadas com ”KIME”. No momento da defesa, todos os músculos são contraídos e as articulações devem estar estabilizadas em ângulo ideal para um melhor desempenho. Logo após a contração rápida e total do corpo, é necessário relaxar para haver o contra-ataque. No conceito de ”KIME”, o tempo de execução da defesa seguido do contra-ataque é chamado de “defesa e contra-ataque em uma respiração”.
7. Nas defesas e nos golpes de percussão, existe uma relação entre antebraço e a rotação do quadril.
7.1. Quando o antebraço realiza uma rotação de dentro para fora, o quadril fará a rotação no sentido inverso. Exemplos: guedan barai, jodan ague-uke, tyudan uti-uke, shuto tydan uke, tate shuto tyudan uke, uraken jodan yoko mawashi-uti, kentsui tyudan uchi mawashi uti, shuto jodan uchi mawashi uti etc.
7.2. Quando o antebraço realiza a rotação de fora para dentro, o quadril fará a rotação para o mesmo sentido. Exem-plos: tyudan soto-uke, jodan soto-uke, teisho tyudan yoko-uke, teisho tyudan soto mawashi uti, shuto jodan soto mawashi uti, haito jodan soto mawashi uti etc.
8. No kata Tekki o 23º kyôdo do Tekki Shodan é em base kiba dachi, antebraço direito jodan nagashi uke, o esquerdo guedan uke – a seguir:
mão direita jodan uraken uti e antebraço esquerdo mune mae suihei kamae.
9. No kata Jion o 46º kyôdo a base é kiba dachi, esquerda yori-ashi, mão direita com o cotovelo flexionado, em frente à região direita do tórax, com a esquerda, soco tyudan tsuki em direção lateral para a esquerda.
10. No kata Jitte, o 15º kyôdo a base é zenkutsu dachi, direita tyudan tsukami uke, mão esquerda fechada. posicionada no quadril esquerdo.
11. Oizuki ou Juni zuki:
11.1. Com a base em zenkutsu dachi, o braço esquerdo executa um guedan barai, em seguida, realizar tyudan oizuki ou jun zuki
11.2. Trazer o quadril e a perna de trás (direita) em direção à perna esquerda, utilizando a flexão frontal do tornozelo esquerdo, sem alterar a posição do tronco em hanmi e do pé esquerdo. Toda a sola do pé esquerdo deve estar em contato com o solo. No deslocamento da perna direita, não levantar o calcanhar da mesma e aproximá-la do pé esquerdo.
11.3. Em seguida, com a rotação do quadril para a esquerda, utilizar a força de extensão da perna esquerda, que está de apoio, sem levantar o calcanhar, projetando o centro de gravidade para frente, em direção horizontal ao solo.
11.4. A perna direita em deslocamento des-creve uma trajetória semicircular. 0 pé fica elevado do solo a uma distância mínima (imaginar a distância de uma folha de papel entre o pé e o solo). Ao mesmo tempo. o braço esquerdo realiza o hikite e o braço direito é estendido, raspando no quadril, aplicando um oizuki.
11.5. A perna direita é deslocada para frente, posicionando o pé direito apontado para frente, levemente para dentro. Flexionar o joelho direito até que este esteja na mesma linha de projeção que forma um ângulo reto com o dedo halux do pé (dedão). 0 tronco realiza o movimento de deslocamento ereto, mantendo o quadril, em direção frontal. 0 braço esquerdo realiza um hikite, na altura da faixa. Todo hikite é afixado na altura da faixa. 0 braço direito é estendido com rotação para dentro e mão fechada, formando o punho seiken. Contrair o punho, aplicando o kime com contração muscular na altura tyudan.
11.6. No momento do Kime do soco, a respiração é interrompida, por causa da contração total dos músculos.
11.7. A altura do quadril deve ser mantida durante a execução dos movimentos e o centro de gravidade acompanha a direção da trajetória do solo. A perna de apoio é estendida na direção contrária do movimento do quadril.
11.8. É importante manter a contração da região tanden durante toda a execução do oizuki ou jun zuki.
fonte wwwnkkbrasil.com.br