Autor Tópico: O velho debate...  (Lida 1368 vezes)

Kaiko

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O velho debate...
« Online: Outubro 19, 2007, 20:19:07 »
Pessoal,

Encaminho um artigo muito interessante que retirei do site Globo.com sobre o sumô. Tenho certeza que reconheceremos muitos aspectos que discutimos aqui sobre o karatê. Na realidade, muitas vezes, podemos substituir o nome de uma arte marcial por outra. Espero que tenham paciência, e gostem.

OSS.


Escândalos no sumô expõem crise na tradição japonesa

Morte de atleta novato e escândalos envolvendo campeão provocaram debate no Japão. Luta é uma das mais antigas tradições do país

Do 'New York Times

As recentes crises no sumô incluem ações contra o campeão Asashoryu, à esquerda. Recentes problemas envolvendo a antiga luta do sumô estão causando discussão na sociedade japonesa. Apesar de parecerem eventos isolados e desconexos entre si, os casos têm sua origem no conflito tipicamente japonês entre tradição e modernidade.

Neste mês, um técnico foi expulso da associação de sumô por provocar ferimentos fatais em um atleta novato de 17 anos durante um trote de iniciação e está sujeito a acusações criminais. Um dos dois principais campeões, Asashoryu, foi suspenso por alegar uma suposta contusão e depois ser filmado jogando futebol na Mongólia, seu país natal. Ele também é suspeito de armar lutas com outros atletas, inclusive com o outro grande campeão, também mongol.

Quando se imaginava que as coisas não poderiam ficar piores, uma mulher tentou subir no elevado ringue de sumô no mês passado durante uma luta. O ringue é um lugar proibido para mulheres, consideradas impuras pela tradição do sumô. Ela conseguiu se desvencilhar de uma segurança que estava no público, mas foi empurrada para baixo por um dos lutadores de sumô que a impediu de pisar no ringue sagrado, o que, aos olhos dos tradicionalistas, significaria desonrá-lo.

Como era de se esperar, a discussão em torno do tema se inflamou no Japão. Os tradicionalistas dizem que qualquer mudança significaria a morte do sumô. Já outros dizem que a luta morrerá se não for capaz de mudar.

Trotes mortais

Na verdade, o sumô passou por mudanças constantes no decorrer de sua longa história, o que inevitavelmente levanta outras questões. Quais são, de fato, as suas tradições?

Takashi Saito, de 17 anos, morreu depois de apanhar do mestre na cabeça, com uma garrafa, e ser atingido com um bastão de metal por outros lutadores durante um treino. Ele havia tentado fugir duas vezes da hospedaria por causa dos trotes, sendo que a segunda tentativa ocorrera no dia que antecedeu a surra.

O trote, ou ritual de iniciação, que inclui castigos corporais, há muito tempo é considerado como prática corriqueira nas instalações dedicadas ao sumô, ou seja, nos acampamentos em estilo feudal onde os atletas moram e treinam.

Em um exercício denominado kawaigari, lutadores mais velhos derrubam o novato repetidas vezes no ringue, supostamente para fortalecê-lo, mas também para infligir castigos.

Os analistas que reprovam esse tipo de prática afirmam que esse exercício, e a cultura de violência que resultou no espancamento fatal, são sintomáticos da incapacidade do sumô de se atualizar.

Novos estrangeiros

Antigamente, adolescentes corpulentos de famílias pobres das zonas rurais vinham para a capital e eram confiados ao mestre e à esposa do mestre em um desses acampamentos. Até hoje, os lutadores levam vidas disciplinadas nos acampamentos, realizando tarefas domésticas e cumprindo serviços para colegas mais velhos.

Com o enriquecimento do Japão e a evasão dos jovens das zonas rurais, poucos adolescentes japoneses se dispõem a viver esse tipo de vida. No ano passado, apenas 84 novos atletas ingressaram nos acampamentos, menos da metade da quantidade registrada no início dos anos 90.

A associação de sumô permitiu a entrada de estrangeiros, porém apenas um por acampamento. Embora somente 61 dos 723 lutadores de sumô sejam estrangeiros, eles ocupam posições de destaque no ranking. Não há nenhum japonês prestes a se juntar aos dois mongóis nas posições de campeões máximos.

Asashoryu, em especial, foi alvo da ira dos tradicionalistas. Apesar de ser um lutador sensacional, ele não esconde que o Japão é o seu local de trabalho, mas seu coração está na Mongólia. Ele demonstrou sinais de raiva no ringue, além de outros comportamentos que, segundo críticos, carecem da "dignidade" própria de um campeão supremo, uma qualidade vaga, que às vezes parece significar apenas que ele não é japonês o suficiente.

Como se isso não bastasse, ele fingiu estar contundido. "Se ele fosse um grande campeão japonês, acho que pediria demissão imediatamente", disse Kunihiro Sugiyama, que foi locutor de sumô durante 40 anos.

Sugiyama contou que o sumô é mais uma herança cultural do que um esporte que precisa ser protegida de fatores externos, entre eles, estrangeiros "famintos" de países com padrões mais baixos de vida.

"Se você for à Ãfrica ou à Ãndia ou ainda à América do Sul e der uma olhada a sua volta, verá pessoas grandes", disse Sugiyama. "Estamos em uma época de condescendência no Japão, então se você der a eles a mão, eles lhe tomam o braço no mesmo instante".
 

 Tradição X Modernidade

Acredita-se que o sumô seja tão antigo quanto o próprio Japão, mas estudiosos marcam o surgimento do esporte profissional conhecido como é hoje há três séculos.

Os aspectos principais do sumô de hoje, as competições e o ranking de campeões supremos como corporificação dos ideais do sumô, foram criados ao final do século XIX, na mesma época em que um novo esporte chamado baseball se tornava popular no Japão.

Representantes do sumô promoveram outras mudanças para enfatizar os aspectos tradicionais do sumô e fortalecer sua posição de "esporte nacional" japonês, contou Lee A. Thompson, especialista norte-americano em sumô e professor de sociologia esportiva na faculdade de ciências esportivas da Universidade de Waseda, em Tóquio.

Na década de 30, as autoridades ligadas ao sumô tentaram reforçar os vínculos com a religião xintoísta reformando o teto do principal ringue de sumô em Tóquio e reconstruindo-o no formato de templo. Na década de 50, eles formaram o Conselho de Avaliação Yokozuna, um comitê dedicado à escolha de candidatos para o ranking de campeões supremos.

"O sumô ficou associado a uma determinada imagem do que é o Japão, de que o Japão possui uma longa tradição como país e que aquilo que existia há 1.000, 1.500 ou 2.000 anos ainda permanece vivo hoje", declarou Thompson. "É por isso que o apelo à tradição dá margem a muitas outras questões, neste caso chegando até ao homicídio", acrescentou ele.

Considerando a longa história do sumô, que anteriormente já passou por mudanças para se adequar aos novos tempos, muitas pessoas especulam sobre como ficará a situação agora diante desses escândalos. Há quem proponha a elevação da idade dos novatos ou a escolha dos melhores dos clubes de sumô universitários.
 
Noriki Miyashita, lutador aposentado, é a favor de transformar o sumô em liga profissional internacional, com o Japão entrando como "liga principal". "Em se tratando de tradição, de tempos em tempos é preciso reavaliar as coisas", diz ele. "E eu acho que é chegado esse momento para o mundo do sumô."


Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL153270-5602,00-ESCANDALOS+NO+SUMO+EXPOEM+CRISE+NA+TRADICAO+JAPONESA.html

Tradução: Claudia Freire

« Última modificação: Outubro 19, 2007, 20:24:55 por Kaiko »

vladwoguer

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Re: O velho debate...
« Resposta #1 Online: Outubro 20, 2007, 07:25:27 »
Trote no exercito
trote na faculdade(os pesados)
trote em qualquer outro lugar , se lesar alguem tem de ser proibido.


Alguem morrer num trote isso é um absurdo.

oss